sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
casmurro
Falei sobre os peitos fartos negros enfeitando a noite caída na avenida enquanto ele desaparecia, correndo sobre o suco de limão que lhe calcava os pés. Vi suas costeletas enfeitando o chão da nossa cozinha e no armário, minhas risadas colecionavam pratos de plástico e uma vontade evidente de fechar os furinhos dos dedos.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
sendo humana
terça-feira, 21 de outubro de 2008
O nada e as coisas que voam
sábado, 18 de outubro de 2008
Une mémoire pour l'oubli
Há coisas que me forçam a viver sorrateira nesse sertão, já que nem tudo são cores e sons. Às vezes tais cores e sons até lambem as lascas feridas da vida, verdade. Mas nesse caso gritam ardendo de sangue e não consigo tocá-los por cegueira, ora dos ouvidos, ora das mãos.
Acho que é quando caio esquecida no fado.
domingo, 12 de outubro de 2008
O Elogio da Ignorância
E não foi coisa à toa não!
Para onde eu, achava, que olhava, via a cor.
Alternava tons, desviava das montanhas, servia de rua para as garças dirigirem-se ao Norte, contornava galhos secos de árvores, girava pálido e intenso perto do distante... mas resistia, insistia, em ser azul.
Só então depois de tentar- sem sucesso, claro- encontra o ponto de fuga entre Erasmo,pós-independência, Laurentina, Tico o poeta, União Soviética, contrutoras chinesas, Pepetela, pinela verde, pastor-alemão e cheiro de peixe-frito**, duvidei se a cor não vagava era a procura duma toninha... toda de espuma... algas como cabelos...
Vai saber!
Apresentador: - O 1º actor está a estragar o enredo. Está a querer encarar um personagem romântico, quando afinal não possui as qualificações necessárias.
1º actor: - Como sabe?
2º actor: - Ora, cheira-se. Basta ver a sua maneira de sentar.
1º actor: - Estou sentado?
2º actor: - Está a representar que está de pé, por isso está sentado. Ou deitado. Ou não está a representar?***
* ou "caras" primeiro e "caros" depois? ou vamos de trocadilho revisto, caras e bundas? O que é mais justo, óh doutores da sabedoria?
** – infelizmente, depois do sino comprovei ser delírio de fome ou de outro professor cozinhando escondido.O almoço de domingo foi servido sem surpresas: funge e feijão –
*** O Cão e os Calús, 1985
sábado, 4 de outubro de 2008
Como de costume trocou o matabichar pelo abraçar que os lençóis ralos supriam até mais tarde. Permaneceu em posição de amamentar até o xadrês de seu pijama desfazer-se em bolhas de sabão estampadas de areia. No exato instante em que o ponteiro marcava cinco minutos para o atraso saiu abafado do quarto, ajeitando os papéis que insistiam festa-tumulto-sincronia dentro da pasta verde oliva, oliveira.
Fitou o invisível que pairava no corredor como se a areia da estampa tocasse sua pele escura. Para subir na cadeira, que compunha sobre uma bicicleta cansada a alegoria de número ímpar do internato, equilibrou-se na religião que pregava nos muros desde que a frente sul-africana rompeu os trilhos do trem o levava ainda guri ao encontro de seus avós em Huambo.
Olhava chão procurando achar tamanho maior para vestir o sorriso até que por fim, no até então, pairou no cimento batido instantes. Como um tapa: espaireceu o acontecimento.
A rara meninice da moça enfeitando uma poça pastosa de amarelidades, perto-viva, diante de suas rodas. As mãos pequenas dela que outrora escondiam castanhos, apalpavam o líquido como se planta flor em carinho de saudade. Compunham as duas um formato fixo inexistente de escorrimento pelas pernas.
Ele ficou silêncio.
Contemplou aquele filme lento fazendo cada quadro tocar as fotografias manchadas de tempo que sua mente desbotava dentro do rim, espalhando-se por tecidos e veias apertadas.
Desceu da cadeira escutando pelos pêlos o barulhinho que as últimas gotas de urina faziam ao danças no piso.
Passou pelo impossível com passos de braços.
Pulsou ares de encharcar.
Sabino sabia que pecado era não provar a existência de Deus.
Fez-se chão junto com a pintura.
Lambeu a ânsia com sufoco.
Bebeu pressa o quente que a fêmea terrou.
Sujou-se de lágrima e ferrugem.
Pela primeira vez naquela existência: ele pôs-se de Sol.
* é dessas que a gente tenta tirar sem flash na frente do palco. Dia do Herói, Coletivo de Artes Ombaka.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
De lá.
Quando nunca antes fosse o sempre mesmo azul?
Assim. Abria em dimensionar cristais o brilho fosco que pesava.
Só imaginação. Os sonhos.
Sempre piscar de querer.
Parecia ver da densa cor de quase ter.
Saber. Fecha tempo céu chuva nuvem turbilhão de mim.
Ainda poderia. Talvez.
Sabia.
Desejo fresco salta em forma qualquer todo pedaço solto daquele mar.
Para além. Tanto horizonte.
Visão de mirar.
Acerto sopro vento-no-cabelo tempo todo sempre agora te tocar.
A mesma onda.
Decifra atlântico aos pés de areia.
Pisar pequeno.
Doce.
Veneno.
Vento passa e deixa o que me tem. Em estar.
Azul. Sereno.
Salgado vem.
Soprar espera dela.
Para ele.
.um diálogo.
– Partimos dos pressupostos errados. Apenas isso.
– E quem vai nos dizer quais são os certos?
– O que eu quero te falar é apenas uma vaga idéia.
Acariciou o cachorro prognata. E se silenciaram antes de iniciar preguiçosamente, mais uma vez, a mesma conversa de ontem.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
just in time
domingo, 7 de setembro de 2008
E foi ao seu encontro antes que precipitasse pensamento impedido.
Há dias respirava ares de hoje. E não havia poder resistir.
Os passos perdiam pernas de movimentos automatizados. Não existe estímulo consciente na sistemática do nervosismo.
Os olhos não sabiam de caminho trilhado. Só suprimiam o que souberam revelado por fim.
Ela estava linda como sempre que deixava sorrir sem medo de interpretações.
Imagem liberta segurava a lembrança em existir.
E era alvo e caminho e a pupila desavergonhada se abria a sorrir promessas de nunca mais ir embora.
Em sopro azul em mês de agosto.
sábado, 6 de setembro de 2008
sábado, 16 de agosto de 2008
.besta otimismo.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Falava de tambores, leis, gente, moeda e manga-rosa com a mesma propriedade que colocava a água para ferver café sobre o fogão.
Sem mais nem porque, depois de uma quinta-feira dessas paridas antes da gestação, acordei com seu sotaque baiano sussurrando em meu pescoço cantigas pra lá de mar. Sua sombra jorrava por minhas veias como se tivéssemos ensaiado nossa pós-modernização. Olhou lânguido para a coreografia que meus cílios expressavam e assobiou com textura de renda alva: “Vamos ver, né, minha filha, o que o axé quer mostrar pra gente, né?”.
Despertei eletricidade, mas tarde demais. Quando tentei ser, Mãe Bida já havia desaparecido.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
.aquarelada vida aquarelada.
.e só por isso já fique satisfeito.
.és para mim, como eu sou para ti, apenas uma natureza morta.
*imagem: debuxo de um presente
segunda-feira, 21 de julho de 2008
error
I got a hole in my mind
Quando acho
Que penso
Que sei
O que faço
Acho um espaço
Um vão
Um oco no aço.
O melhor status que o homem pode comprar é a bondadedomingo, 20 de julho de 2008
sábado, 19 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
day-off pra para
Reviro os olhos procurando rima branca na revolução de corpos magros, cortinas rasgadas e pizza requentada.
Minha vontade é comer pele de onça, só pra antropofagiar o sarau inquieto-descansado-parabólica-flagelos-esfinge que não me abandona a juventude dos ouvidos.
Abracei uma árvore do caminho só pra pingar colírio e coca-cola na fofoca do verde e o azul-céu, que se mexiam frescos comigo enquanto brigavam para meus olhos verem quem é que tinha mais cor.
As milhas ficaram compridas.
As rimas retas e em ângulo de subida caíram sobre a grama- papelão dobrada com tamanho de minuto em promoção.
Acho que senti uma espécie de Deus nesse tempo. Ele dançava com minhas mãos desenhadas com madeira chuvosa. A árvore parodiou nossa falta de matemática retribuindo sombra para refrescarmos a pele dos pés.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
domingo, 6 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
Devaneios
Olhando para os respingos de sol que entravam pelas frestas da janela fechada e tocavam o teto sombreado, apenas um pensamento inevitável reluzia dentro do coração. Por que não está chovendo agora? As gotas de precipitação lembravam as lágrimas sempre precipitadas, e davam sentido àquela existência solitária. Não, não era trágico. Estava resignado a seu destino cintilante de uma realização sempre adiada. Seus devaneios tinham sentido.
Tentava ludibriar a si mesmo, mas no fundo sabia. No próximo minuto seu peito seria invadido mais uma vez pelo desespero da espera que nunca chega ao fim.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Não gosto muito de jaca
e você vai deixar lá apodrecendo,
feito uma jaca no verão?
quinta-feira, 19 de junho de 2008
terça-feira, 17 de junho de 2008
mis ausencias
En la pereza de un bostezo rozo con uno de mis brazos tu pecho desnudo, que aun no ha despertado de la noche de locura, donde no permitimos que las caricias se apacigüen y disfrutamos del tiempo entre embrollos de piernas y sonrisas llenas de sudor nacido del placer de amarnos, ya uno de tus ojos me miran como tratando de imaginar el porque estoy sentado a lado tuyo, no digo una palabra y alterno mi mirada entre tu cuerpo limpio de mentiras y lleno de sudores pasados, y la ventana que ya dibuja como una televisión el amanecer mas bello, ese que solo se siente cuando uno ha destruido tabús durante la noche, ahora poso mi mano sobre tu cabeza como tratando de evitar que ingreses en esta silenciosa reflexión, pero ya es tarde, ya tu voz rompe como relámpago esta oscuridad mental.
Me doy unos segundos para reaccionar y mientras me levanto solo digo “cuando entenderás mis ausencias”.
Oscar Diego
º º º a Aquarel.la é de Oriol, que entre um café e outro deixava cair nos meus olhos o tremor expressionista de suas mãos que já viveram e desviveram a vida sobre o tectonismo de placas que, para ele, sempre foram puro agenciamentos.
Numa dessas contingências parou em Santa Cruz, assim, quase de graça. Um andejo que, contrariando a corrente migratória dos andarilhos anônimos, possui sua nacionalidade catalàn tatuada à carvão na boca.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
.missiva.
Aqui nesta cidade de poesia as cousas são diferentes. O jazz é mais quadrado, a subversão é uma edição encapada da bíblia – com direito a narração remasterizada de algum âncora global –, as dores são mais doídas – umas vez que aquele Pessoa sugeriu que os leitores sentissem o que ele fingia sentir. Ora, que falta de respeito! Se peidam no cordão, peidam em qualquer lugar, certo? Peidemos nesta data.
Podem dizer que sou amaro, um sujeito criado ao som do pop insosso e anódino deste início de século; podem me acusar de falsidade, de repetir o discurso de uma minoria inexpressiva que ninguém – no fundo – sequer sabe que existe. Enfim, podem dizer ene cousas sobre o fato de eu estar me dispondo a enviar essa missiva para falar mal do amor e do dia dos namorados. Veja bem, Gonçalo Leão, o amor se estrepou. Dizem que foi pular a cerca e caiu arreganhado.
Arame farpado, num teim?
Tiro de espingarda.
Tapa na nuca.
O dia dos namorados é um dia de velório. Compram-se flores e presentes como uma forma de agradecer por nada, elogiar de forma elegante ou convencer alguém sobre sentimentos. O dia dos namorados é uma forma de dar oferendas a uma entidade – deidade, o termo correto – televisionada. Façamos simpatias para o demônio, dancemos sob o efeito de ácido no salão. O samba do amor tem dia e hora para ser celebrado, e só por isso a graça e o prazer de se beijar – e foder, é claro – nascem mortos – ou pelo menos sem a ereção que os homens das cavernas exibiam.
Gonçalo Leão, eu gostei mesmo foi do teu depoimento sobre o Google. Gostei deste sobre o amor e o dia dos namorados, mas como esta data não tem uma barra de rolagem satisfatória, fico com os contratempos de uma pesquisa infundada sobre o sentimento que leva a alcunha de amor.
Cordialmente,
O poeta que finge a dor que deveras sente.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Namorar é preciso
Dia de beijar. Dia de ser romântico, de falar de amor e, se possível, fazê-lo. Digo fazer, porque o amor é o tipo de coisa que não dá pra gente comprar feito. Coisa que mesmo quando a gente compra, como produto, ainda é preciso submetê-lo a um processo de acabamento, de finalização, pós-produção ou sei lá o que. Ele - o amor - não se encontra disponível pelas prateleiras de nenhuma loja. Tampouco tem preço, embora existam controvérsias. Bom, seja como for, o amor está por aí habitando corações e assediando pelas esquinas da vida e do corpo humano, demasiado humano.
Acho que ninguém entende perfeitamente das imperfeições desse sentimento que parece já ter estado mais nos corações do que na moda. Sei lá, mas acho que namorar - uma ação que advém do amor - nestes tempos, soa mais como uma cantata, uma fuga, uma coisinha mais rápida, mais passageira, e que não precisa ser pra sempre, embora seja massa que seja infinita enquanto dure. E sem essa de ser imortal, posto que é chama. Que invente ou inventem outros versos complementares os poetas da hora em que escrevo.
domingo, 8 de junho de 2008
pegadas na floresta
Aqui você vê pedaços do céu, recortado entre os galhos e as folhas. O rio não quis parar pra eu passar. Eu sentei pra falar com ele e ele continuou a molhar com águas tão diferentes aquela mesma pedra verde. Só agora eu entendo a altura de algumas árvores. As mais baixas não gostam de ver apenas o céu. É que aqui em baixo tem raízes. O vento daqui fez carícias em mim. Eu não fiz restrições e ele entrou debaixo da minha roupa, resgando o peito. Ele ainda está aqui. Acho que não sai mais. É a primeira vez que guardo um pedaço do vento.
Eu posso ver as migalhas de pão que João e Maria deixaram pelo caminho. São eternas nesse lugar. Continuei a andar e meus cds eu deixei na mochila e a minha cabeça eu abandonei no balanço.
sábado, 7 de junho de 2008
wewillgotonewyorkcityandokdoyouhavee-mail?
quinta-feira, 5 de junho de 2008
aspas
** as palavras que não são minhas encontrei escritas num pedaço de asa de borboleta enquanto caminhava esverdeada pela montanha. não resisti e fotografei. por causa da luz ou do horário não sei, não consegui captar o sapato vermelho com bolinhas que se mexiam que ela trazia na espécie de pés.
prestígiocomsucodefrutadeplásticoemdianubladoseiláoquê
quinta-feira, 29 de maio de 2008
.masturbação.
.mas não era para tanto.
terça-feira, 27 de maio de 2008
sábado, 24 de maio de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
Paseo por una Isla llena de ti**
Las copas me llevaron a acariciar un cuerpo parecido al tuyo, en un principio pensé que había encontrado a la sucesión perfecta de tu vacío, me vi con esta escultura caminando por las mismas calles que acompañaron a nuestros pasos, me vi volando con las fantasías que tu nunca lograste ver por que te tenia demasiada preocupada el gobierno de izquierda, o tal ves el color de los zapatos de quienes no teníamos interés en que combinen con nuestras camisetas, me vi soñando miles de besos, con este pedazo de nube que de seguro acolchonaría alguna de esas caídas que suelo tener cuando pienso en el pasado y más aun en el futuro, esas que hasta hoy solo tu y yo conocíamos.
Empecé por rozar sus labios con los míos y sentí que ese candor solo podía existir en una mujer que te ama y te respeta, unos labios tan parecidos a los tuyos que también preferí dejar la recitación del 7 de Rayuela para la siguiente vez, ya que de haberlo hecho tal ves le hubiera dado mas solemnidad a un momento netamente casual; seguí bajando por su cuello, así como a ti te gustaba, así como cuando conseguía que perdieras la razón y te olvidaras de todos tus miedos a dios y sus tremendas represalias por amarme a destiempo y sin ley, suavemente recorrí ese pequeño cuenco que se forma en el lugar exacto de unión entre el cuello y el pecho, ese lugar donde mis manos pasaron tratando de darle alguna explicación lógica, Seguí bajando y me encontré con su pecho perfecto como las dos gotas de leche que tienes tu, ideal para poder pasar mi boca y mis dientes tratando de descubrir algo mas que su desnudez, logre sentir tu olor, el mismo que salía del espacio que quedaba entre el oriente y el occidente de tu pecho, ese olor a pudor pero que dulcemente se mezclaba con el vino tinto, estabas en cada una de las caricias que salían de mis manos, y en cada uno de los gemidos que conseguí arrancar a esta falsa tú. La noche duro lo mismo que lo que duraba con tu cuerpo, un cerrar de ojos, la transpiración de un encuentro furtivo y un abrir de ojos con recriminaciones y silencios.
Por suerte la mañana se fue con ella o ella con la mañana, solo queda el olor de su cuerpo encaramado en este sueño y su compañía.
Por suerte el amanecer se fue con ella, ya no soportaba seguir pensando en ti.
**Oscar Diego
Oscar é um desses cronópio tranquilos com o qual esbarramos na rua e nos apaixonamos num segundo. Mas é fácil perdê-lo de vista, pois num segundo segundo ele voa daí pra Quito, e num terceiro, pode reaparecer cantarolando Silvio Rodrigues na praça de San Ignacio de Velasco
Fala que sempre busca samba aqui com a gente, espero que agora fique e nos traga trovas na língua
sábado, 17 de maio de 2008
Estou quase
quase terminando as páginas
deste caderno.
Estou no inferno:
sem dinheiro ou vagina;
estou quase, você imagina.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
mon manege a moi
quarta-feira, 14 de maio de 2008
domingo, 4 de maio de 2008
terça-feira, 22 de abril de 2008
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Bicho preguiça
alimentam meu sonho
contra as dificuldades da vida.
Não sei de onde saiu
ou quem foi que inventou
essa história de vida dura,
.......................de ralação.
Quero aparar num abraço
a estrela cadente
e marcar com um X
o meu mais desejoso porvir.
Quero o prazer espontâneo do trabalho
em minha impressão digital.
O resto
é chope com colarinho
sorvete com cereja
e bicho preguiça
no horóscopo chinês.
E tem mais...
Tinha. Fazer novos versos
e encompridar o poema
vai cansar demais
a minha beleza.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
terça-feira, 8 de abril de 2008
domingo, 6 de abril de 2008
Saia
E Deus criou o homem. Mas o homem andava muito borocoxô... Só naquela posição de pensador bêbado.
Aí Deus criou a mulher. Mas mesmo assim o homem não percebeu como que aquilo poderia melhorar. Homem nunca percebe estas coisas, imagine então o primeiro deles.
A mulher andava triste e nua pelo paraíso, sem ninguém para lhe assobiar o balanço. Nem construção civil havia para encher o ego dela... Desesperada e sem filhos, aos 30 e poucos, Eva tinha a mais poderosa combinação "fenótipo/ genótipo" até então. Seus hormônios ferviam e fermentavam de tesão por Adão.
Deus não entendia o que estava acontecendo:
- Porque não te multiplicas, mulher?!
- Tento de tudo, mas nada parece chamar atenção dele, ó pai. Ele fica lá pensando, parado e murcho... não posso mexer naquilo que não é meu.
- Precisas provocar o homem, minha filha, não deixa ele pensar... ele será todo teu quando o sangue faltar ao raciocínio.
- Ok...ok... Acho que agora entendo o que dizes, Senhor.
- Queres uma maçã para ajudar?
- Não, não... Dá-me uma saia que resolvo :-)
terça-feira, 1 de abril de 2008
me deixa
o que é que você pensa
que vai encontrar na minha poesia?
o que você procura em meus versos?
o que você quer do meu eu poeta?
ora, francamente...
vai procurar o que fazer
e larga mão da minha poesia.
.......................me deixa!
quero ficar sozinho,
que poeta é bicho solitário:
eu e minha poesia nos bastamos,
somos bastantes e bastardos
dentro e fora do mundo
..............lugar comum.
..............me deixa...
deixa eu encher sua cabeça
.......................de versos
.......................e minhocas.
*Medusa de Caravaggio ilustra este poema... poetas podem até ter minhocas na cabeça, mas no reino das palavras são cobras criadas...
segunda-feira, 31 de março de 2008
domingo, 30 de março de 2008
Balcão
O balcão de um bar é um dos melhores lugares para se estar. Existe algo de maduro em ficar encostado ali mamando. Talvez sejam as banquetas altas, inalcansáveis e perigosas para uma criança, mas alguma coisa me diz que isso tem mais a ver com postura de quem ali fica. São os cotovelos apoiados, os pés longe do chão (como se fosse uma criança) e, principalmente, a mobilidade rotacional, que permite a quem ali se instala uma gama de possibilidades sociais que vão muito além do que qualquer limitada "mesa de boteco". Quem senta num balcão não tem foco:
- Tem fogo?
O balcão é como um altar, bebe-se o salário pois não há nada de melhor a fazer com o dinheiro, seja quanto for. São créditos sociais sacrificados com euforia e isso é indispensavelmente necessário para viver. Cada garrafa na estante guarda anos de inteligência cultural destilada ou fermentada. Doses só podem ser negociadas de maneira justa para ambas as partes ali, no balcão:
- Completa! Por favor...
O balcão atende aos taciturnos, aos estrangeiros, aos estranhos, aos tímidos. Todos os tipos de drinks para todos os tipos de alcólatras. Cada um com seu estilo de vida, personalidade e atitude (atitude, cara!), requisitos sem os quais não se deve sentar num balcão. O balcão é a porta de uma conversa. Porta de entrada e porta de saída. À direita ou à esquerda, para o salão ou para o bar: tudo em volta não teria sentido se não houvesse balcão. Ninguém está sozinho - e nem quer ficar sozinho - quando se encosta no balcão de um bar. Nem mesmo um barman tomando um bourbon no final do expediente. Para ele o balcão é o limite entre trabalho e hedonismo. Quando vai beber, senta-se fora e isso tem razão de ser. Mesmo que ele odeie ser barman, isso nunca vai deixá-lo longe de um balcão. O balcão não tem nada a ver com isso:
- Última rodada!
O balcão é onde vícios e virtudes se confundem no discurso. O balcão é a esperança de esperar que algo aconteça, que alguém te conheça. O balcão é onde se fica à vontade para ser como você é, sem se importar com seu próprio humor. Afinal, o balcão é a casa dos humores, é lá que tudo pode mudar. O balcão parece um filme.
quarta-feira, 26 de março de 2008
quintal cerrado
Impregnada de poeira lúdica, passeei pela rua de tua antiga casa. Ainda que sob os mesmo alicerces e aparentemente imóvel, havia um quê de não-ser naquele cimento.
Pensei na vontade amarela que teve ela um dia. Suas paredes ficaram com um amarelo ensurdecedor de olhos. Quando ia te chamar pra brincar de elástico a avistava de longe e já dava arrepios. Parecia que a cor vibrava na gente. E corríamos pro sentido dela.
Então parei ali na frente com a poeira do corpo aumentada e senti, entre seus vários devires de tons, que o de agora, de crescidos que estão meus olhos, é o mais singelo.
A falta de cor no reboco me faz pensar no brilho que ela, a casa, não carrega mais. Mas ao invés de vê-la com o descaso do tempo na tinta velha nem-branca-nem-cinza vejo bem é um elogio sublime.
É que ela emprestou as linhas que a contornava e a destacava do horizonte, lá do fundo, para o contorcimento das árvores, que cresceram ali com a gente. É o quintal que contém o cerrado que nos criou. É o cerrado que agora salta aos meus olhos com a alegria de um marrom descascado que berra.
.
.
.
*letras com meus dedos e os de Marcel Garcia.
terça-feira, 25 de março de 2008
domingo, 23 de março de 2008
sambando se goza desse mundo
e não aguento dois dias seguidos imersa nisso.
é muita explosão.
preciso postar isso agora, posso?
pode
sábado, 22 de março de 2008
Una vez, Goga me disse: Alguns dias doem mais que outros. Hoje foi um dia de recordações. Ao acordar, constatei a data santa. Imediatamente lembrei-me dos Cerrados e de quando comemos pastéis envenenados de carne na quaresma (D. Fochesatto delatou tal episódio em seus escritos) numa espelunca voltando da propriedade dos Botello. Era o último dia, o último suspiro da quaresma. Antes, vimos árvores de garrafas de cerveja, assassinamos um sapo (isso realmente ocorreu) colocando-o numa arapuca e arremessando uma pedra de dois quilos sobre sua cabeça. Lembrei-me de Pardal, e suas mãos que se encaixam nas de qualquer um que entenda os sânscritos de Dioi. Lembrei-me de Dioi. No fim do dia, tomei um bourbon sozinho, de frente do pro oceano. Não me senti pequeno, pelo contrário, me senti grande pra cacete. Porque eu senti, assim, de verdade mesmo, que carregava toda a fita, todo o lance, toda a vivaldice, todo o pixotismo exacerbado de todos com quem trombei nos últimos dias. Foram muitos, foram insanos, foram únicos, foram loucos de morder os próprios dentes, sem os dentes (como caldos de mocotó - sem mocotó).
-pausa-
Vallegrand,
o que me leva até você é o que me leva ao desmedido,
até a falcatrua nata da minha alma diante da sua
adiante.
o que me leva até você é o que me leva puro,
até a crua verdade. frio, cru, você nunca fica nu?
adiante
Vallegrand,
quando é cedo demais para nascermos de novo
quando você envelheceu
e eu nem pude fazê-lo.
minha palavra favorita que não me ensinaram na escola
queria dizer
o mesmo que eu,
e eram
folhas secas
adiante.
sexta-feira, 21 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
April
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
segunda-feira, 17 de março de 2008
Ah! O amor...
Nenhum homem
sabe o pior de uma mulher.
Nenhuma mulher
sabe o pior de um homem.
Só quero que me encantes
com teus grandes sonhos,
que teus medos eu espante
com gracejos risonhos.
Será o amor parecido?
Será p'ra sempre escondido?
De jeito por vezes estranho,
chegando de brilho tacanho
ou cegando fosse explodido?
Se meu íntimo te entende,
se teu ritmo me rende,
se tu expandes minha mente,
se tua presença me deixa quente,
o que será que sentes?
*desta vez a ilustra é nostra
A Fantasma Vermelha
Volta e meia ela aparece:
uma fantasma vermelha,
de lábios vermelhos...
Tocando violão,
me tocando,
dizendo que me ama,
me chamando p'ra viajar,
me apelidando com carinho,
lavando meus pés cansados,
despindo-se a dançar,
felando-me...
engolindo meu prazer.
Volta e meia aparece
uma fantasma vermelha
e eu sei porque ela morreu.
quarta-feira, 12 de março de 2008
papa-peixe
é a cara de cuyabá
e a previsão do tempo.
sombra pr'amarrar égua
e rimar co'água fresca
pppppppppor aqui
é + qu'expressão idiomática.
na próxima encarnação,
se deus quiser e eu continuar
pppppppppppppor estas bandas
hei de nascer martim-pescador.
*A ilustração é o próprio martim-pescador e o poema é dedicado à saudade que sabrina sente do nosso calor
sábado, 8 de março de 2008
Simples[cidade]
Atropelei um caminhão e quase morri de rir. Olhei por dentro do meio-fio e reconheci Van Gogh jogando cartas com Gauguin. Eles batucavam Bjork numa espécie de caixa de fósforos de acender incêndios. Recriavam a criação repetindo fonemas disfarços de cadeira de rodas enquanto eu procurava doação de café quente. Meia milha adiante, sangrando carne e tinta acrílica fez-se barulho do encontro entre céu e roubo. Cento e vinte dialetos depois, dividimos nossas manchas na mesma esquina, ressecando os lábios e esperando o ônibus. Daquele minuto até antes fomos asfalto preto e branco procurando cócegas no centro do sustenido.
quinta-feira, 6 de março de 2008
http://www.youtube.com/watch?v=ZViXPqZyUNc
Vermelho. Tudo o quê eu lembro com mais clareza, tudo que não ficou turvo nas minhas lembranças, é o vermelho. O vermelho intenso que eu podia ver nos ombros dela, no pescoço dela, nela. Era incrível como exalava perfeitamente a cor. A sensação era nítida como a de um perfume, e ela se misturava a atmosfera densa de fumaça e cantos escuros,numa amalgáma hipnótica. O olhar morto não lhe tirava a vida e volúpia,nem um pouco. Mas a distanciava de todos,principalmente de mim. Era como se ela fosse intocável, e estivesse muito, mas muito distânte, e ainda assim, próxima demais. Bebia angústia, não álcool. Dava para se perder ao tentar imaginar oquê estava pensando. Esperava por alguém? Ou tentava esquecer? Eu podia ter descoberto, se ela não tivesse levantado e saído, antes mesmo de terminar de beber aquela solidão toda. Antes mesmo que eu conseguisse chegar mais perto.
segunda-feira, 3 de março de 2008
.retalho.
sábado, 1 de março de 2008
Embromation (lágrima)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Mister Sade
no corpo a corpo
sob a direção do Marquês de Sade.
sexo da cabeça aos pés
de cabra safado.
não sei sonhar
com a noite que não virá.
não há mais
uma gota de sangue
em cada poema.
mmverborrágica hemorragia
mmmmmmgritos...
mmsussurros glossolálicos.
eu me amarro em você
amarrada na cama,
mmmmmmamordaçada
xxxxxxxxxxvvvvvdddddddddxsadomasoquista.
Ilustração: Geoffrey Rush e Kate Winslet em “Contos Proibidos do Marquês de Sade”, de Philip Kaufman.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Bela Vista
domingo, 10 de fevereiro de 2008
deus
a idéia que tenho de deus
é como um sujeito
que saiu pra comprar cigarros
e depois
ffffffffffff...
não é que eu seja
um ateu convicto, ou à toa.
o problema todo
é que eu também fui,
bbbbbbbbbbcom ele,
comprar os malditos cigarros.
dizem que deus é bom e é pai
e eu sempre gostei
de andar muito bem acompanhado.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Parodiando Fernando Pessoa na caruda, sem respeito, pé no peito, com estilo Jorge Ben...
Eu quero quer sempre aquilo com quem eu simpatizo,
e eu torno-me sempre, mais cedo ou mais tarde aquilo com quem eu simpatizo.
E eu simpatizo com tudo.
São-me simpáticas as mulheres superiores porque são superiores,
e são-me simpáticas as mulheres inferiores porque são superiores tanto,
porque ser inferior é diferente de ser superior,
e isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Eu simpatizo com algumas mulheres pelas suas qualidades de caráter
com outras eu simpatizo pela falta dessas mesmas qualidades
e com outras ainda eu simpatizo por simpatizar com elas
porque eu sou rei, absoluto na minha simpatia
basta que ela exista para que eu tenha razão de ser!
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Sem Calcinha
você chegou sem calcinha
e me deixou perplexo.
confundiu-me o sexo
e que confusão essa minha.
a noite é sempre parda
num quarto de motel.
momento é tempo que não tarda
como as estrelas no céu.
andei procurando o meu esperma,
a tinta muito prazer/amor,
pra lambuzar sua perna.
o poeta precisa regar a flor
e ficar sempre pronto
para um próximo encontro.
Ilustração: "Maja Desnuda" de Francisco Goya
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
.geografia da saudade.
Eu empurrava a minha vida com a barriga. Era um coma consciente e adrede sem poesia, uma queda. Deixava uma foto dele no altar das lembranças mais bonitas. Mas eu evitava olhar para seus olhos ou mesmo encarar o seu riso sincero e fácil. Era uma alegria lancinante, ingênua. Era como um prêmio recebido que, sem alternativas, era cultuado platonicamente por mim.
A água ficou turva de novo quando, por descuido ou instinto mal controlado, abri o baú no qual eu escondia alguns sentimentos, algumas palavras não ditas e dous ou três amplexos não sufocados. Suspirei, prendi a respiração o quanto pude para ver se o choro se engasgava, para ver se as lágrimas desaguavam numa outra represa. Meu istmo para com ele não mais estava submerso, e eu podia tão-simplesmente atravessá-lo – mesmo que sabendo das dores.
Meu filho. Agora a saudade emergia mais forte ainda. Cinco meses apenas sem ele. A água turva das minhas memórias era demasiado salgada para que eu simplesmente afundasse. Eu me afogo aos poucos, pois não há salva-vidas contra a maré da saudade.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Fuga
Ela acaba de subir pelas paredes! Grita a avó assustada. Que faremos, minha filha, agora que ela se irritou com o Zé? Não se sabia ao certo, mas sentia-se, no ar frio de um dia chuvoso, que a agônica Estória se mesclava com o Absurdo e escorria por uma pontinha quebrada do quadrado da loucura. Apaixonada e não correspondida, dizem que atravessou às pressas por debaixo da perna do P e puxou para trás o braço do A manuscrito. Coitados! Gemeram de dor, disseram os vizinhos. Assim, despindo-se de cada letra oral que a compunha, derretia-se em suor e medo. Evaporava-se um pouco em cada boca que passava, mentindo e aumentando o gozo. Depois de um tempo a avó, já de toca caida, encontrou os resquício de seus dizeres numa gota de lágrima que restava gorda sem fonema algum em cima de um carro cinza, despejada no tempo, ao léu.
*fotografia, Uri Carrasco
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Descobri isso hoje, quando vi um esquilo-tigre-tatu-bolinha.
Ria.
Meio congelado.
'
De agramática.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Faxina
como é que ela vai se lavar?
-chuva é faxina de São Pedro
e no céu tá tudo sempre limpo (?)
-mas porque é que os santos
pras almas que necessitam de pureza?
-isso eu não sei.
pergunte a uma mãe de santo!
*Ilustração "As lágrimas de São Pedro", de El Greco
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Pássaros
mnnnnnnno canto dos passarinhos
mmmmmmmmantes que comece a brilhar
aaaaaaaaaaaaaakkkkkkkkkkkkkkka manhã.
mmmmmmmm Antes que um sabiá sem graça
kkkkkkkkkkkencha o seu peito laranjeira
lllllllllllllllllle o saco deste notívago.
pppppppNa forma de um poema
ooooooooesta é a minha versão
aaaaaammmmmmmmbípede emplumada
ooollllllllllllllllllllllllllllllllooodo amanhecer o’clock
zzzzzzzzzzzzzzlllllllll. . .
mmmmmmmmmmhitchcock
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Dama de Joguetes
Don Fernão estava apaixonado por uma dama que gostava de joguetes. Numa dessas, quase caiu no duelo com um nobre brother. Este distinto amigo, também estava encantado pela fria e cruel donzela, que jamais poderia se apaixonar por um deles. Ela gostava de se divertir! Uma desavença entre os dois teria sido tão patética quanto estas palavras de don Fernão em dias de tormenta por este causo:
Parte I
O tanto que te quero
é o tanto que me rasgas
O tempo passa meus meses
e parece, às vezes,
que será o mais cruel.
Cruel pouco é bobagem,
tem uns caminhos
que às vezes eu sinto,
quase nos olhos,
lacrimejantes de pensar
que se fosse uma batalha
queria escolher meus inimigos,
pelo menos...
Parece que quem escolhe
também tem que deixar o caminho escolher
e nisso um pouco morre
em favor de um amor
que se queira viver.
De onde eu tiro a guia
que vai me mostrar
a força mais suave!?
que me dê só o equilíbrio
de converter defesa em golpe,
de converter tristeza
em boa sorte.
Conceber-te em beijo forte.
Parte II
O duelo será
uma partida de tênis
um destro, um sinistro
um de rápida, um de lenta,
lado grama, lado saibro
duelarei que não me sobro
e tua imagem me alenta.
Um não safará do coração
muito partido
e temo pelo meu,
mas não tem mais volta
tenho um compromisso com a vida.
Imagem de Abigail Kamelhair
domingo, 13 de janeiro de 2008
Mambembe
Faltava pouco para ela entrar em estado de assopro quando percorreu o tal enredo. Sentiu um ímpeto arcaico. Sentiu a falta da perna esquerda. Do peito. Dos cílios. Das asas.
Na cozinha de chão, o bule sem nada dentro, o ranço da manteiga e os farelos de pão dormido assistiram ao fato dentro de um silêncio estático. Era o mesmíssimo listrado encardido de toalha de mesa enrolada em seus corpos foscos.
Não era tango como outrora. Era cantiga de ninar com acordes de salsa num parágrafo rouco que dava cócegas na língua.
Gargalhando refrões de fevereiro na boca e na cintura, os dois anteciparam o carnaval dividindo o mesmo trem, torto - que estava cinco minutos atrasado para lugar algum.