sábado, 4 de outubro de 2008



Como de costume trocou o matabichar pelo abraçar que os lençóis ralos supriam até mais tarde. Permaneceu em posição de amamentar até o xadrês de seu pijama desfazer-se em bolhas de sabão estampadas de areia. No exato instante em que o ponteiro marcava cinco minutos para o atraso saiu abafado do quarto, ajeitando os papéis que insistiam festa-tumulto-sincronia dentro da pasta verde oliva, oliveira.

Fitou o invisível que pairava no corredor como se a areia da estampa tocasse sua pele escura. Para subir na cadeira, que compunha sobre uma bicicleta cansada a alegoria de número ímpar do internato, equilibrou-se na religião que pregava nos muros desde que a frente sul-africana rompeu os trilhos do trem o levava ainda guri ao encontro de seus avós em Huambo.

Olhava chão procurando achar tamanho maior para vestir o sorriso até que por fim, no até então, pairou no cimento batido instantes. Como um tapa: espaireceu o acontecimento.

A rara meninice da moça enfeitando uma poça pastosa de amarelidades, perto-viva, diante de suas rodas. As mãos pequenas dela que outrora escondiam castanhos, apalpavam o líquido como se planta flor em carinho de saudade. Compunham as duas um formato fixo inexistente de escorrimento pelas pernas.

Ele ficou silêncio.

Contemplou aquele filme lento fazendo cada quadro tocar as fotografias manchadas de tempo que sua mente desbotava dentro do rim, espalhando-se por tecidos e veias apertadas.
Desceu da cadeira escutando pelos pêlos o barulhinho que as últimas gotas de urina faziam ao danças no piso.

Passou pelo impossível com passos de braços.
Pulsou ares de encharcar.

Sabino sabia que pecado era não provar a existência de Deus.

Fez-se chão junto com a pintura.

Lambeu a ânsia com sufoco.

Bebeu pressa o quente que a fêmea terrou.

Sujou-se de lágrima e ferrugem.

Pela primeira vez naquela existência: ele pôs-se de Sol.

* é dessas que a gente tenta tirar sem flash na frente do palco. Dia do Herói, Coletivo de Artes Ombaka.

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