quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desacento

E se os want-want da wall-mart continuarem a se conter diante da maxima de que todos devemos propagar o mantra do ‘be yourself is all that you can do’, eu nao lhes pago mais propina. De certo terei a Camara dos Mais Disputados na minha cola, tal sera a afronta.
Mas veja so o que eu noo vejo: se eles podem rabiscar papeis e dizer que aqueles garranchos sao suas assinaturas, e que eu devo viver por elas e para elas, e devo cumpri-las, prefiro ser feliz ao seu lado.

Poderemos correr pelos corredores dos megamercados e derrubar os sucrilhos das gondolas; quebrar TV's de plasma com bastoes de cera; cuspir nos salames e dormir entre as bolachinhas tortillas. Andar de toboga ao inves de carro, decorar palavrões como bobo, besta, bosta e sorrir de nos mesmos em fronte a igrejas apoliticas.

Basta que nos afastemos das pautas e daqueles que sao alguma coisa na ordem do dia. Eu vejo um futuro brilhante diante do nosso imaculado horizonte. Vamos pegar aquela esquina vertical com a qual sempre sonhamos e vamos dar no pe, rasgando todas as terceiras vias.

Deixe as canetas e as anotaçoes de lado.
De me sua mamao.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

nalgum ponto de taxi fúcsia no deserto


meo eucípedes,

sei que é passada ultrapassada a hora e o minuto da diagramação das notícias furadas.
porém, convenhamos. seu requerimento geneticamente modificado ficou entalado no meu ponto de vista.
aí pensei em dizer algo como: vamos escrever um contexto com textos?
mas lembrei-me que gosto de polainas geométricas de fárias, fárias coures, e você, das asfálticas cinzéticas.
então, venho por meio desta, e daquela de outrora, declarar todo meu imposto de renda.
imobiliários e auto-motivos, conforme exige a lei municipal.
juro que prometo emitir seu boleto assim que a justiça federal desbloquear meu telefone.
ah, aproveito também para pedir vistas grossas de processos de perdas, ganhos e danos de relações que envolvam menos de 1 trilhão de habitantes.
espero que a viagem por entre os fanáticos tubos de lavar roupas tenham mesmo te levado até os bolsos da esquina.
remember: quando mirar um want-want fazendo pose em fios elétricos tétricos, não hesite: derrube-o com uma chinelada certeira.
- e por favor, segure meu espirro enquanto teço uma actorável manta.

domingo, 25 de outubro de 2009

Conselhos de guarda-chuva

O telefone toca. Um BABACA ser te chama para sair.

Atenda e diga: "Alô?
O que?
Eu fui atropelado?
Vou aí agora me levar para o hospital".

E no Ipod tudo, eu escuto Mulla Magalhantas.
Comprei um saco de piadas atômicas para ver se consigo perder uns 70 mil amigos de cabelos chon chons.

sábado, 24 de outubro de 2009

vídeo-poema Canção da Liberdade

Amigos,
meu vídeo-poema está concorrendo ao 3o Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo da Fliporto 2009





Assistam e votem até 25/10 aqui: http://www.fliporto.net/votacao2


o sonho está cada vez maior :)

muito grata a todos.

scary threesome






Do outro lado da escada chorosa.
Do outro lado.
Ela podia ter passado por aqui.
Mas preferiu o OUTRO LADO.

Um celular moderado

Há muito que este corpo caminha envolto em fiapos de solidão.
E é sozinho que o mergulho na água gelada que jorra das veias mortas que atravessam o Norte dos meus sentidos.
Sozinho que vou emergindo, e sinto-me despertar com o corpo trespassado de frio e água. Sozinho que abro os olhos e vejo-te assim. Apenas tu. Diante de mim.
Avançam os dias e os meses e a solidão desfaz-se com os ventos que sopram do sopro do vinho seco.
Derrete-se com o calor do teu corpo, junto ao meu, quando te aperto nos meus braços.
E embriagado por esta sensação de que te tenho e cuido, com o travo na boca ao sabor cálido do café que tomamos nas manhãs de chuva, abro os dedos. E sem dar conta deixo-o partir.
A solidão fez-se música.
E perdeu-se no céu entre os últimos acordes do passado.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

finálico [na Cataluña] onze anos depois



Bebíamos da mesma fonte escassa, afinal, tínhamos nascido do mesmo ventre magro e estreito que aquela sequência de atalhos formava. Falávamos baixo e íamos diminuindo na medida de acabamento de frase. O único rio [que não era rio] só enchia quando chovia, e quando chovia, e enchia, servia pra palavra, pa lavá pabanho pagole panado e pa nada.
- Se nos espremêssemos bem cabíamos na mesma gaveta.
- Não me meça com a sua régua!
- Que farsa éramos quando separados.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

.sobre o fim.


.teus seios inda estão nas minhas mãos, me explica com que cara eu vou sair...

domingo, 18 de outubro de 2009

o próximo passo é chorar. é quase impossível viver como pedra. eu sou mulher, vivo de crises e me arrebento todinha. incrível mania de sabotar tudo o que me faria bem. hoje me disseram que a beleza intimida. eu digo que é uma puta, porque até agora só fiquei com o dinheiro prostituído de noites mal vividas e fodas, no mínimo, suportáveis. digo mais, tudo isso cheira dor. a questão é: porque me simpatizo com qualquer pessoa que me dê o mínimo de atenção ? mas é só acariciar a mão que saio correndo feito pateta. é tudo tão down. lembro sim dizer que estaria pronta para o amor e suas problemáticas, eu sempre falo que prefiro dar cara a tapa, mas na verdade nunca dou. sempre quero que as coisas aconteçam, mas nunca as deixo acontecer. então olha você: eu acho que consigo suportar, falando sério, eu só quero. estou me sentindo tão sensível ao tato que qualquer um que pegasse me desmontaria por inteira. acho que mereço um pouco de carinho, pelo menos uma vez na vida - vidinha de droga - cansei dos meus vícios. eu nunca matei alguém. preciso viver algo antes de me arruinar e o pior é que já tentei de tudo, cara. fiz yoga demais, li the secret até o fim, parei de comer carne vermelha e até fui procurar Deus. levantei a pedra e não tinha nada embaixo. já disse que estou por um fio? pois é, pela primeira vez me reconheço. articulada, tirana, egoísta, bêbada, usurpadora, solitária, ultrajante e deprimida. everyone is a fucking Napolean, and I deeply know.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Terapêutico



Deixe-me em paz, me deixe praguejar este mundo
Deixe-me marcar-te também
Com ferro, felicidade, foi-se embora, filhadaputa!

Deixe-me descer em pleno movimento
Porque aqui jaz aquilo que se via
Em passadas vias amargas, hoje agridoce
Melhor que fosse como antes, aliás, um dos infernos de Dante

Deixe-me ter apetite pelo que não me apetece
Deixe-me lograr ad infinitum
Nem que seja através de doses de pinga, vodka e comprimidos de Valium

Por favor, deixe-me.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Circulação [de coisa que escorre]


(Viagens que suprimiram e condensaram um conto seu)

A água seguia um trajeto circular a ponto de me circundar
Senti no corpo que um vento pode me deletar as asas e 'Caps Lock' meus cílios. Eles ficam grandes, em caixa alta, assim, amadurecem mais rápido e caem como mangas amarelas, bicadas por seres de asas coladas com superbonder.
Um instinto martelo me tomou e eu quis matar um concreto. Quis triturar até seu osso arquitetado por armações (arâmicas?)
Foi então que me libertei de um tom sépia raquítico
Um ser de rua me intimou e todos esperaram frases
Dei um vintém sujo e me infiltrei num banco
Passando por janelas descortinadas porque haviam sido desencantadas por vândalos, soava um jazz azul. Mas foi na latrina balançante do ônibus que previ que ia chover
Cai no brejo, vida no pântano. É assim que chego ao Hotel Neon
Meu carma é viajar pra dentro de mim e fingir, fugir de mim mesmo
Pseudocronologias
Veio o vento. Y ahora?
Faça nevar. Azar o meu.
Azar que circula por entre a vida como um redemoinho
Circulação.
(Mas o mau agouro escorre?)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

De retina suada e alma alvejada por projéteis eletrônicos, enguli os pacotes governamentais como se fossem feriado de manhã. Enforquei a sintaxe com coleira de fio dental e repeti passo a passo do disse me disse dos vegetais. Fiz que reconhecia a pontuação pálida fúnebre e sorri cerrado quando ele me reticenciou. Num desacato do tempo, peguei a pena que va g  a   r   o   s    a  mente caía e num movimento angular dei espirro para a parede que se alongava em mim. Sem nó, nem piedade fiz carinho nos tijolos que erguiam ocas e páginas vazias. Para fingir que eu também mentia afiei os dentes num tango de língua e saliva marinada.
- vamo voa?
- eu num voo só nado.
- só. se nada?
- eu, nada.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ya no más

['tu canción tiene el frío del ultimo encuentro,
tu canción se hace amarga en la sal del recuerdo.']
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Abrimos a manhã no supetão de um beijo e o dia não estalou. Há tempos vinha confundindo tristeza com medo e meus olhos pesavam um kilo de ardência, feito vento de maio secando a retina. Foi então que peguei meu passaporte no armário, uns discos ainda fora da capa e o livro do Caio, já bem amassado.
No tatame, pulei teu sono silente e rumei desatino pra rua quebrando mi voz con llanto.
Cê nem me ouviu e eu nem te dei tchau.