segunda-feira, 30 de novembro de 2009

No Porn

Eu sentei em seu membro vagarosamente e deixei que ele me invadisse, aos poucos. Sentia cada centímetro me namorando, me machucando. Sentia, e apenas sentir me era válido. A cada estocada recebida meu rosto se contorcia em sorrisos, que hora eram banhados por lágrimas lascivas, ora pelo suor de todos os sóis. Ele me invadia continuamente, entrava e saía de mim como se eu não me pertencesse mais; porém isso só já não me bastava. Agora eu necessitava arranhões, mordidas, feridas.

Adiante, vieram as agressões. E como ele me batia com graça. O som de seus tapas em meu derrière soavam como o canto do uirapuru. Seus gemidos me estupravam os tímpanos de forma tal que nenhuma surdez advinda daquele abuso me seria infortúnio. Seus dedos acompanhavam seu membro em minhas cavernas, minhas úmidas cavernas. Me viravam do avesso, assim como seu mastro, rijo como pau brasil, me fazia ver anjos.

(Oh Nick, como são belos os anjos que tu me faz avistar).

Meus olhos cerrados, minhas pernas cansadas, entrelaçadas nas pernas dele numa dança cósmica, meus nervos exaustos. Nada disso me afastava daquela lassidão. Me banhei em seu leite seis vezes seguidas. Me coloquei a disposição de suas armas em posições tétricas, deliciosas. Queria engoli-lo através do meu reto. Ruborizavamos as paredes, tal a intensidade com a qual consumiamos nossos encontros. Nos amalgamavamos e nos multiplicavamos. Afrodite batia palma para nosso amor, aquela vadia grega. Faziamos sexo com destreza, caros punheteiros. Praticavamos com tortura o amor que não ousa dizer o nome. E nós ousavamos.

Aquele homem e seus músculos de homem e suas glândulas de homem e seus pelos de homem me tornavam, dia após dia, mais mulher. Mulher lobo. Matava minha sede em sua saliva, a fome eu aniquilava com quilos de cigarro. O quarto cheirava a nicotina, merda, porra e amor. Não pagavamos mais as contas. Não precisavamos mais de luz, das coisas mundanas, eramos a essência do hedonismo barato e fácil. Estavamos mortos em nossos corpos, grudados eternamente pela cola tenaz do licor que jorrava de hora e hora de nossos pintos. Ele me tomava novamente em seus dedos, que dançavam em meu cú.

Sua língua me descobria a cada segundo que se passava, assim como a minha o decifrava em códigos que só eu sabia morsear. Eu o chupava o cacete, fumava outro cigarro, drinkava um álcool vagel qualquer. Eramos baratas, imortais, baratas. Eramos tudo e nada. Eramos o alfabeto inteiro, proclamado em frases indizíveis. Matamos todos os velhos vizinhos com nossos palavrões de cama suada. Eu já não tinha mais forças para manejar aquele homem, mas ele insistia em me fazer usina nuclear.

Eramos os pederastas mais gloriosos de nossos tempos, de todos os tempos. Vendiamos todos os nossos filhos. Não tinhamos tempo para cria-los, só tinhamos tempo para faze-los. Eu emprenhei quinze mil vezes em dois dias.

(Oh Nick, como você, e só você, sabe me ter).

Nick, se não for com você, nunca mais quero foder.

sábado, 28 de novembro de 2009

eu, tu e o gato

De repente a gente estava numa banheira, eu, tu e o gato. não sei mesmo o que gato fazia ali, só sei que ele tinha o olho assim, mais amarelo, como o olho dele é. eu não conseguia saber o que tinha na banheira, acho que lama, eu disse, mas tu não escutou - nem na banheira tu escutava, acho que tu ouvia música, mas eu não sabia disso. e o gato se mexia, como afogando, mas nenhum de nós lhe deu atenção, como nunca daríamos atenção, do jeito que fazemos quando ele roça tua perna ou pula no meu colo, implorando carinho. mas agora ele se afogando e não fazíamos nada também, porque tu escutava música, eu acho, embora não soubesse, e eu pensava o que tinha naquela banheira em que nos encontrávamos e nenhum de nós estava envolto em nenhum processo mental filosófico que dissesse porque estávamos naquela banheira com o gato que se afogava a nossa frente sem que tivéssemos o trabalho de retirá-lo de lá. (Era uma bonita morte a que assistíamos e não havia nenhum motivo aparente para acabar com ela e transformá-la novamente em vida) então eu disse, merda! e nem tu, nem o gato, escutaram. ele estava preocupado demais em se afogar para se importar com o conteúdo da banheira que era agora nossa morada. o cheiro era de merda, definitivamente, e eu não sei como não percebera antes - no princípio cheguei a pensar em chocolate e, por sorte, não provei-lhe. eu sorrio desses desastres do meu olfato, já quase perdido, e de ver o gato assim, desfalecendo aos poucos, perdendo a vontade de lutar e quando eu acho que ele vai desistir, ele tira do esôfago um som que era mais que morte, um som que interrompe até a tua música e eu penso que não quero que tu fique brabo porque o gato está morrendo sozinho e dessa forma não convém que tu o ajude, sujando tuas mãos, que já estão sujas de merda, de sangue também. mas acho que tu percebe que não seria sensato fazê-lo e volta a tua música. e eu busco outra coisa para me questionar agora que sei o que inunda aquela banheira, enquanto o gato continua a morrer.

(eu sei que secretamente tu olha meu corpo contraído, o olho mexendo agitado e torce para que sejam logo sete horas, para que seja o despertador e não tu a me tirar estas inquietações)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A fruta http

E eu queria arrancar as minhas maças do meu rosto, que insistem em me entregar em suas levianas ruborizações. Queria eu comer minhas infantes maças que brincam com meus sentimentos como se minha cara fosse playground. A vida não continua, (não/não), não continua. Só as maças se exercem.
Em minha face, sem minha permissão. Pretendo amarra-las. Ensejo mata-las. Criaturas filhas da putesca que não hesitam em derrubar meus verbos, minhas íntimas vergonhas. Não sou canto nem proveito, não sou maça. E quem entende isso se nem eu o alcanço, esse tal firmamento que me vendem, esses que me entendem, que me vendam em feiras de macieiras.

E que se fodam todas as planicies repletas de bochechas prontas a se entregar. Podem vocês me definir, eu não me importo. Não me vendo. Eu não continuo. O que faço eu diante do meu limite animal nem minhas maças podem me revelar. Nem vocês, bando de rebanhos.

Cansei.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

EU

(...)
Meu maior consolo
É o adormecer, que me despede do mundo
E me entrega nos braços da exaltação
Dos sonhos incomunicáveis
(...)

Tiago Satarê
poeta indígena da Amazônia

domingo, 22 de novembro de 2009

eu estou perdido
e você sabe que estou perdido
podia se apetecer de mim.

você também.

você está perdida.

ao menos, você sabe onde está
ou no que se perdeu.

sabe, rosa?

eu ardo cada pêlo
os poucos que deus me deu
nesses sonhos interminados

- quanta indiscrição, espelho.

falei, em sonho, cavalgando um cavalo prateado.

sabe,
eu nunca montei um cavalo na vida.
sempre tive certo pavor,
por um amigo que sentou numa cadeira de rodas
em uma queda desnatural
e eu sempre tive a imagem de seus pés petrificados
e sua coragem inabalável, quase mentirosa.
meu grande amigo,
quanta verdade houve em tua estrada?

sabe, rosa
inicialmente eu temia esse andar, como diriam os cambas
"peculioso"
entretanto
eu montaria seus pôneis,
o mais triste
ou maravilhoso,
é saber que isso você sabe e por isso não aceita
minhas mentiras sobre nosso amor.
talvez por achar que quando estou nu
mesmo vestido,
essa coragem me antecipa a vida
como uma respiração que é respirada
por alguma espécie de vida
alguns segundos antes de mim.

segundos depois, claro, eu respiro
mas você parece diferente
parece quase uma respiração de montanha
que carrega lava nas mãos
talvez seja o seu talento pra pintura
ou sua necessidade de fumar
eu também enfrento a escuridão,
o amor que sopra bandido em cada ouvido
este sou eu, diferente de ti.
a respeito da vida mundana,
é improfícuo, não nos resta dúvida
que

a beleza do ser é a mentira da humanidade.

mas a beleza da rosa,
a tua beleza, sem medo aunque amor
era diferente
quando penso nela
em seu corpo alvo
me desespero.
aos meus olhos vem
a minha primeira chegada ao rio,
eu garoto que era,
dentro de um ônibus fétido e sentimental
eu não era nada além de um amontoado de sonhos
eu era sim a pequenitude em essência
querendo conhecer o tal amor que diziam vender
por ali
mal sabia o que queria eu
mas este amor, rosa, este amor singelo e dedicado
eu conheci sem precisar pagar mais que minha atenção
e minha sinceridade
por instantes sempre fui o dedicado
mas sem inteligência ou madurez,
neguei.

pela manhã, entre tosses e mágoas,
(recordações não matam mágoas)
eu chego ao mesmo lugar,
eu estou perdido.
por negar a verdade profunda
a verdade descaminhada
meus filhos,
eu não os tive,
suas roupas carregam meu cheiro
minha pele ansia a sua
os barulhos do dia a começar
seja lendo seus poemas impiedosos
escrevendo coisas ofensivas em relação a nós
ou simplesmente doendo o que tento esquivar
porque quando estive no inferno da sua droga
ressurgi como uma ave resistente à loucura
conversamos frente a frente,
trocamos carícias até nos despirmos naquela que foi
nossa primeira noite de redenção
quando eu estava doente e ninguém soube disso
você rezou e eu soube
sem saber por ninguém, nem por você
que estaríamos juntos
no fim.

eu estou completamente perdido,
e você também
os pássaros seguem cantando,
uma ventania invade a casa sem pudor
continuamos perdidos
e por grande ironia da vida,
vivos.

por fim, a canção canta exatamente a ti:

a novidade é encontrar a flor que possa recuperar o sabiá
que cantou antes de chegar o diabo na vila e desde que chegou subiu
naquela árvore que quase toca o céu como você sem anunciar
(sob as ondas dos teus sonhos)

eu estou perdido.

se tivéssemos uma polaroid

Me apunhala a tristeza: Adonis não está nas fotografias. e faz tanto tempo. Sua foto não está na geladeira
não está na gaveta
não está na agenda de 2001

Eu procuro, mas não está no armário, nem no banheiro ou sob o colchão. (a foto de Adonis não está em cima da TV, não foi gravada em disquete, nem em CD - acho até que na época poucos tinham pen drives). no álbum de fotos não está, sequer caída no forro da bolsa preta de fuxicos que eram moda naquele verão. Adonis perdeu seu rosto num dia de chuva e eu vasculho pela casa e ele não está.

Quem sabe esquecido naquele filme de 36 poses - asa 100 - que nunca revelei.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

...




antes de tudo eu deveria chorar. mas não choro.
a garganta anda em pó. o telefone não sai das mãos nem dos olhos.
sabe que diariamente, mais ou menos às sete da noite, quando atravesso o conjunto nacional e caminho em direção ao ponto de ônibus na frente do teatro, tenho a impressão de que alguém vai passar de carro e atirar em todo mundo, que nem essas coisas que a gente vê no jornal. dá um medo! então me lembro que são só duas ou três gotas de agonia que beijam minha nuca atrevida num calafrio. as pessoas borbulham uma vida cansada alí. daí eu viro as costas pra rua, pq o ônibus sempre demora e eu sei que vai demorar de novo. m'encosto no parapeito que dá pro eixo monumental e a monumentalidade da esplanada me desenha a boca. minha voz corre leve, meio samba do recôncavo, moderna pipoca. quando vejo, geral tá olhando mas sinto que me sinto melhor. acho que isso virou um ritual que independente da dor.
aliás, numa dessas o teatro estava bem cheio, vc estava lá? Eu preferi ir pra casa e escutar teu conselho..
sabe a agonia que eu comentei que senti quando estávamos naquele café, bem no começo..? vc não via meus olhos e eu emudeci tua boca. havia uma inércia em vc que me irritava profundamente... agora a garganta se esconde de novo e a agonia é tanta que ontem cortei as unhas bem curtas. curtas dor de carne. carne dor de curtas. pintei os curtas de vermelho e as carnes de cetim [vermelho, meio abóbora]. me fez lembrar nosso ócio nos tempos do Irish, onde você fotografava minhas mãos e no fundo havia uma parede de livros empoeirados, sem títulos. no meio de nós, silêncio, como se um ruido fosse capaz de entrar como rabisco pela lente da câmera.
me lembrei também de uma noite no café havanna, onde o amarelo das luminárias do balcão, logo atrás de vc, pulou nos meus olhos sorvendo a última lágrima escondida de birra. vc jorrava coisas que me emputeciam. quando cutucou meu silêncio, respondi qu'eu ajustava e desajustava o foco dos meus olhos e de minh'atenção conforme o arrepio da minha pele. vc me achou egoísta, mais do que quando canto aquela música da gal.


mas agora minhas unhas realmente gritam numa dor de carne apertada. descascam. escorrem. derretem nas costas d'outro. como nunca haviam feito. mas essas ruas também nunca dançaram tanto debaixo dos meus pés e meus pés nunca se calaram tanto.


claro, claro que te faço um café. pode ser turco? então me vê aquela xícara branca fazend'um favor? a chaleira pode ser essa mesmo pq na verdade a de cobre eu queimei dia desses, daí joguei fora. é, ironicamente tava lendo o pedaço em que o mahmoud darwich falava sobre o medo de sair nas ruas de Beiruth, naquele cerco de 82. é, pode ser. pra todo mundo? não não, ainda faço xícara por xícara. eu sei que é só mais um ritual, não me importo, pode ir bebendo. insuportável isso de resmungar dos meus rituais. e perdi de comprar todos os roteiros do glauber por cinco reais numa feira de usados perto da estação das barcas pq só tinha cartão no bolso. Sabe de qual'é? [há pouco bebi isso da boca de alguém, mas apostrofo tudo, que é pra ficar mais charmoso. sabe com'é, não perco a mania! e ainda tá meio morna a expressão, por isso não esqueci de todo.]
mas, sabe, no fundo não tenho certeza. ou tenho. ainda não decidi.
ando escutando umas makebas e tal, mas essa vc já perdeu, continuou no seu chico velho e no caetano riscado. podia mudar, mas vc não muda. acho até que brasília nunca me foi tão movimento. minhas fotografias já não te envio por carta, já não serão expressão na parede do seu quarto. verão que vem vou pra cuba, esqueci de dizer, mas dessa vez quem carrega maldita lente sou eu. sem sombras. nem vírgulas.
não. na verdade é arábico, mas se preferir nescafé batido. que nem a gente tomava lá em casa. dáqui qu'eu bato. lembra daquele texto que tentamos gravar, com o camilo? quando ele entrava na sala de uns amigos ferrados, olhava pra suja mesa da cozinha e pensava, no entanto há nescafé! onde há nescafé, há esperança!
acho melhor ir logo, rasga esse papel que não quero saber de voz minha amarelando nos cantos do seu quarto, que aos poucos empalidecerá também los recuerdos de mis cores.
continuarei do lado de cá do telefone. meio sozinha, meio quieta, meio desejo...
quanto à minh'agonia, meu bem?

acho que 'agonia é mesmo a própria feniminidade em si!

[em mim]
[e vc não soub'entender isso]
*fotografia dessas que a gente tira quando o piscar de olhos demora um milésimo de segundo a mais do que deveria durar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Me = Porter, John & Turner or Me = rodiculous


I want love, but it's impossible
A man like me, so irresponsible
I want a love, that don't mean a thing
That's the love I want, I want love

But your love goes like the beat, beat, beat of the tom tom
When the jungle shadows fall
Like the tick, tick, tock of the stately clock
As it stands against the wall
Like the drip, drip drip of the rain drops
When the summer showers through
A voice within me keeps repeating
You, you, you

I want love on my own terms
Don't give me love that's clean and smooth
I'm ready for the rougher stuff
No sweet romance, I've had enough
Of you day and night, night and day

But under the hyde of me, there’s an OH such a hungry yearning burning
Inside of me
And this torment wont be through
Till you let me spend my life making love to you
Day and night, night and day

And you keep me thinking that you’re simply the best
better than all the rest
Better than anyone, anyone I've ever met
I'm stuck on your heart,
and hang on every word you say
Tear us apart, no, no,
Baby I would rather be dead

I just want love, any kind of that silly thing called love
night and day, day and night

domingo, 15 de novembro de 2009

2:26.am: acordei com um medo no peito. só me recordo do sonho tortuoso e a sensação de estar presa ao corpo mas não ter acesso aos sentidos. um segundo depois fitei com os olhos o que não podia ver: meu quarto vazio que de tão meu se tornara algo estranho a tal ponto de ter certeza que dali não conseguiria mais sair. o silêncio de dentro misturado com o silêncio de fora. amortecida deixei o tanto que tinha guardado transbordar, assim, sem motivo algum. sem ter outro remédio percebi que minha vaga existência sempre se resumiu a simples idéia de nãoprecisardeninguém e é incrível como com o passar dos anos tudo isso começa a te perturbar, involuntariamente. nessa noite eu sentia a falta de e, mesmo assim, ainda resistia em usar a palavra. nada de afeto. estiquei meus braços sobre a cama de solteiro e senti a ausência nos lençóis. translúcida e gelada. não sei como me deixei levar sem freios a esse ponto. errei várias vezes nos cálculos e agora a madrugada vinha assombrar meus sonhos. fechei os olhos e cerrei os punhos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Prompt


Acordei um segundo atrasado.

O suficiente para me perder entre pensamentos.


Recorri ao choro para enxugar a dor. Eu precisava daquele segundo de sono a mais.

Precisava dos meus olhos fechados.

Para sempre.


Estava eu esquecido num canto opaco de mim mesmo. Eu e minha busca inescapavel de sofrer na ponta da faca, sempre empurrado por uma ineludível curiosidade em tropeçar no meu tumulo.


Queria pintar um arco-iris de preto. Mas eu preciso dormir.
let us not be stable matter
just let us feel
the light increase

spread around
a life that floats
inside is not
best place to glow

let us not be stable matter
waves on the air sea
uprising connection

take a boat and dive
same kind outside
those eyes are not
safe guide to show


just let us be
translucide unsolved
pure strenght impulse

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Até que capitule

Vamos esquecê-lo? Queimá-lo na fogueira das paixões platônicas, sustentada pelas suas próprias chamas. Vamos amordaçá-lo! Arrancar suas unhas, primeiro as dos pés, aquela unha meio arroxeada do pé esquerdo; as das mãos em sequência. Daremos choques em seu sexo (maldito sexo que nunca foi meu). Lhe doaremos todas as angústias, sofrimentos, até que capitule e diga: talvez.

E depois?

Depois ainda haverá amor.
Rio Cuiabá, década de 70... época de peixes grandes!
(autor da foto: desconhecido)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

amor traçado por Gaudí

o café chegou na mesa num golpe grosseiro.

desbaratinamos um silêncio de fumaça esculpida e as cigarras preencheram o espaço com seu infalível coro de novembro. 'sou tímido e espalhafatoso'.. cantarolou olhando a marca da porcelana, na qual nos serviram o tal café chinfrin.



o silêncio durou duas riscas de giz e mais duas mordisquelas no ombro até ele voltar a falar.

até ele voltar a sofrer.



sorvi o som que escorria de sua boca enquanto minhas mãos desejavam apertar seu sexo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009


o homem cego
faz noite ao dia
vestindo o véu pesado
de sua agonia
no destino dos céus

do pouco que dizem que fazem
ele carrega o incerto
por entre os medos as grades
tropeça o sonho desperto

agora,
as nuvens caminham e abrem
espaço ao sol ainda dia
redondo na fofura que passa

se movem
soberbas do vento
desenhando espaço cativo
ao azul que enfim
desloca os presságios que haviam
em brilho ardente mais cores, a vista

do homem que ainda pode sorrir
reconfigurando o amarelo da vida

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

time has hold us

no alvorecer, agora
eu só quero
que nosso amor rompa as marcas
sem vigília, memória amarga
do dia em que nos perdemos


sob o sol a florescer, primavera
eu ainda reconheço
nosso olhar que não arrasta
sonho difuso, abismo chaga
no caminho em que nos distraímos


mais força e brilho, cores
eu também sinto
o silêncio em que aprendemos
intui vida, reencontro eterno
para voltar ao que somos juntos



eu quero que você vá, meu amor
que você siga
livre, sem o relutar distante do que poderíamos
sobre tudo que já temos



aqui
dentro e fora
sempre



eu também vou
continuar
amor
alvorecer do novo dia
caminho sol da primavera
brilho tranquilo em cores




por tudo que imaginamos
desta canção

Eu furto




( ou poema do eu furto o Natal um pouco atrasado ou blasfemia ou sacaneira ou infâmia ou graça imensa)


Se eu ganhar a propina que eu suponho não terei a angústia do Natal. As sereias sim.
Acenderei charutos com dinheiros. As musas naum.
E a mulher de todos os outros serão minhas. Você, talvez.
Serão minhas enquanto vomito no quintal.
Os homens, meus ja são.

Cristandade.

sábado, 7 de novembro de 2009

Bazárov


[lustração Mel Kadel]
Acordei com o tempo em que Bazárov deixara cair suas anotações na escadaria da Российская Государственная Библиотека. Conforme previsto, pendurei meu ventre no Subsolo das Memórias, e ele escreveu por de baixo da minha saia: os limites da língua são os limites do meu mundo.
Alonguei meus sotaque russo até o domingo em que plantamos rosas amarelas na avenida LATIM e respondi: sujeito não objeta.

[no nosso singelo mafé da canhã, o sono das palavras dá de beber às árvores migratórias]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A magica da vida se fez presente enquanto eu me divertia com meus cinco dedos.

Eu chorava jujubas por voce, percebe?

Me postei a lamber minhas lagrimas para que voce nunca chegasse perto daquela tristeza morta; e comecei a acreditar nas terças-feiras, nas cantoras e nos mentirosos mais lindos, de preferencia os de olhos azuis. Parei de me ver no espelho em tons pardos e tomei um banho de sol para ter forças ao gritar: SABRINA, voce e minha mulher.

Sem acentos e sem vertentes.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

the rain drops


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............(reti
-.... cên-.....cias)

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