quinta-feira, 29 de maio de 2008

.masturbação.



.confessei um ou outro erro aqui e acolá. disse que olhava de quando em vez para as saias que passavam mostrando pernas torneadas e toda libido sob calcinhas bordadas. mas era raro eu perder o controle da situação. meus olhos vermelhos não me faziam voar mais, e a âncora sentimental que ela jogou em meu peito fez do meu pieguismo um cais seguro.

.lembro quando ela marcou o encontro no motel afastado da cidade. não entendi, pois éramos desde sempre afastados do mundo. lembro que líamos os clássicos, discutíamos besteiras e bebíamos vinho barato para desbaratinar as retinas cansadas das palavras convenientes. lembro de tanta cousa agora, mas na hora não consegui lembrar do nosso encontro fugaz para o mais sincero amor: o vazio dos quadris, o gosto amargo do corpo.

.encontrei apenas um bilhete dela. e no espelho do banheiro ela escreveu de batom que o prazer solitário era melhor que a minha falta de ar na hora do gozo. percebi que ela ficou deveras chateada.


.mas não era para tanto.

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