domingo, 12 de outubro de 2008

O Elogio da Ignorância

Juro, meus caros e minhas caras*, enquanto as 11 páginas suavam ao Sol, o céu mudava, sorrateiro, de paisagem. Me graça é saber que ainda há quem jure que o vermelho é que é a cor de resistência! Pra mim, nunca deixou de ser o azul. Explico, antes de iniciar o capítulo, as nuvens pintavam o céu de branco, repousavam como voluptosos vestidos de noivas transbordando em paz e acalanto. Passando o ensaio, (transcreverei, a seguir, um dedo da prosa da página 66), abaixei meus braços e tirei o livro de teto. Pelo gritar do Sol, o tempo perambulava ponteiro pelo meio-dia. Depois do longa da escuridão, doze horas: tinha sido esse o período que o azul resistira para impor seu totalitarismo.
E não foi coisa à toa não!
Para onde eu, achava, que olhava, via a cor.
Alternava tons, desviava das montanhas, servia de rua para as garças dirigirem-se ao Norte, contornava galhos secos de árvores, girava pálido e intenso perto do distante... mas resistia, insistia, em ser azul.
Só então depois de tentar- sem sucesso, claro- encontra o ponto de fuga entre Erasmo,pós-independência, Laurentina, Tico o poeta, União Soviética, contrutoras chinesas, Pepetela, pinela verde, pastor-alemão e cheiro de peixe-frito**, duvidei se a cor não vagava era a procura duma toninha... toda de espuma... algas como cabelos...
Vai saber!

Apresentador: - O 1º actor está a estragar o enredo. Está a querer encarar um personagem romântico, quando afinal não possui as qualificações necessárias.
1º actor: - Como sabe?
2º actor: - Ora, cheira-se. Basta ver a sua maneira de sentar.
1º actor: - Estou sentado?
2º actor: - Está a representar que está de pé, por isso está sentado. Ou deitado. Ou não está a representar?***


* ou "caras" primeiro e "caros" depois? ou vamos de trocadilho revisto, caras e bundas? O que é mais justo, óh doutores da sabedoria?
** – infelizmente, depois do sino comprovei ser delírio de fome ou de outro professor cozinhando escondido.O almoço de domingo foi servido sem surpresas: funge e feijão –
*** O Cão e os Calús, 1985

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