sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

.carnaval.


Olhou para o horizonte em busca de algum sentido. Não encontrou o que queria, e ainda perdeu seu único ponto de fuga plausível. Mirou bem os pés e então viu o ritmo cair, viu toda a cadência de outrora se transformar em embaraço. Voltou a levantar a cabeça, tentou com afinco superar a decepção de não conseguir enxergar além. Sem opções mais, voltou a mirar os pés. Viu a poeira alva que congelava o samba – um presente dela antes da despedida – e nem se preocupou com a iminente sujeira generalizada. Sua roupa de desfile estaria aos fiapos. Seriam os frangalhos mais requintados que um dia a passarela pudesse ver dançar. E quis apenas voltar a dançar, ficar surdo de tanto ferir a cuíca ao batuque de um pandeiro encardido. Queria isso e um pouco mais do deserto – o mesmo sobre o qual ela perguntara no final do filme, um pouco antes de pular a ponte e voar.

Não resistiu e foi calçar as botas. Estava velho demais para isso. Entrou e viu tudo pela televisão, no aconchegante quatro por quatro de um samba de polaco.

Logo ele, um crioulo doudo de rasgar dinheiro.




*Imagem roubada de algum lugar. E tal crédito já basta.

5 comentários:

k . disse...

os batuques encardidos de teu pandeiro de letras fizeram meus pés vagabundos chorarem sambando..

Sabrina disse...

se eu contar, ninguém acredita.

[eu acabo de ver o indizível]

Sabrina disse...

cê pariu pelo umbigo um feto que eu tava gestando

Anônimo disse...

Ibê Gomes...
Tem q parar de samba e ser mais gente bamba.

i. bê. gomes disse...

.eu tento. sou como bambu verde, mas chego lá.