Olhou para o horizonte em busca de algum sentido. Não encontrou o que queria, e ainda perdeu seu único ponto de fuga plausível. Mirou bem os pés e então viu o ritmo cair, viu toda a cadência de outrora se transformar em embaraço. Voltou a levantar a cabeça, tentou com afinco superar a decepção de não conseguir enxergar além. Sem opções mais, voltou a mirar os pés. Viu a poeira alva que congelava o samba – um presente dela antes da despedida – e nem se preocupou com a iminente sujeira generalizada. Sua roupa de desfile estaria aos fiapos. Seriam os frangalhos mais requintados que um dia a passarela pudesse ver dançar. E quis apenas voltar a dançar, ficar surdo de tanto ferir a cuíca ao batuque de um pandeiro encardido. Queria isso e um pouco mais do deserto – o mesmo sobre o qual ela perguntara no final do filme, um pouco antes de pular a ponte e voar.
Não resistiu e foi calçar as botas. Estava velho demais para isso. Entrou e viu tudo pela televisão, no aconchegante quatro por quatro de um samba de polaco.
Não resistiu e foi calçar as botas. Estava velho demais para isso. Entrou e viu tudo pela televisão, no aconchegante quatro por quatro de um samba de polaco.
Logo ele, um crioulo doudo de rasgar dinheiro.
*Imagem roubada de algum lugar. E tal crédito já basta.
5 comentários:
os batuques encardidos de teu pandeiro de letras fizeram meus pés vagabundos chorarem sambando..
se eu contar, ninguém acredita.
[eu acabo de ver o indizível]
cê pariu pelo umbigo um feto que eu tava gestando
Ibê Gomes...
Tem q parar de samba e ser mais gente bamba.
.eu tento. sou como bambu verde, mas chego lá.
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