sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Meo eucípedes,

Receio que meu tradicional procedimento de rotina não seja eficientemente suficiente para suas novidades, mesmo assim, te envio saudações e anseios sinceros de que o Ano Novo seja repleto de. É que é sempre bom receber notícias sua. Não resisto à possibilidade de costurar hipóteses e manchar esquecimentos com você. E depois que 2011 vai ser diferente. Eu sinto que vai. Vou concretizar todos os planos que não cabem mais em mim e investir em erros semi-novos.  Mode custo benefício. Registrei nossas fugacidades em Cartório, que é pra não correr o risco da gente se perder de novo. Sobre seus improvisos, limito-me a dizer que às escolhas não dou o nome de clichê, as chamo pelo nome. O nome próprio de cada uma. Agora vamos direto ao assunto: te digo que comigo foi mais ou menos assim também. Meu ano passado não foi lá essas coisas... Mas também não foi ruim não! Reclamar é que nem samba, é reafirmar uma situação e você sabe o que eu penso sobre isso. Bem, eu ano passado não foi lá essas coisas. Meu ano passado não foi lá essas coisas. Pra falar a verdade fiz um chapéu e uma espada com a minha Certidão de Nascimento. Armei até os pentes, sai por aqui lutando com quem quer que fosse, all inclusive (que se movesse ou ficasse parado, três refeições e translado). Mudei de nome pelo menos cinco vezes. Meo, eu me abandonei. Corri tanto que cheguei sempre douze minutos antes dos acontecimentos. E douze minutos meo, é uma eternidade para quem só sabe contar até dez. Esperei os acontecimentos, esperei tanto que encolhi. Encolhi de tal modo que não me encontro mais nem quando estou sozinha. Cuspiram na minha cara, envenenaram meus dentes, amputaram-me o perdão, penduraram  minhas lembranças no varal até que ficassem completamentes secas, aumentaram o tamanho do Sol a ponto de nunca mais haver noite. Você tem ideia do que é viver um ano inteiro com uma tonelada de luz  gordurosa fodendo sua retina e derretendo seu cérebro? Você sabe o que é ficar um ano inteiro sem dormir, sem pregar a porra dos olhos, sem parar de lembrar e calcular e decidir e mentir e obedecer e pedir e chorar e mandar e sua ligação vai ser transferida para um de nossos atendentes continue na linha pois você é muito importante para nós? Confesso que sobrevivi, só que preciso de um rascunho que não seja meu pra eu poder passar  toda essa história a limpo.Tem um calo no meu silêncio. Você sabe de alguma casa pra onde eu possa me mudar sem pagar os dois primeiros anos de aluguel? Assim que a chuva cessar juro que prometo que te faço uma visita.
- estou por um fio.
- teça.
- não posso, perdi todas as medidas.

3 comentários:

Mari Dutra disse...

arrepia.

Burlesca disse...

Para uma avenca com uma flor partindo...

Sabrina disse...

cidades grandes também me congestionam.