domingo, 28 de novembro de 2010




estamos também à distância d'uma mentira prescrita em abril..

você não entende a dor que não busco. as agonias do mundo afinam minhas retinas com canivete enquanto me disparo na qualidade de só amar.. amar é político. é nanopolítica. as gramas daqui já estão verdes. d'um tom tão forasteiro no cerrado quanto tua presença em meu quintal. não entendo o que me diz enquanto a febre arde. e sei, abstenho-me da pergunta que insiste em sair de teus dedos. chegarei em dezembro com o atraso semitonado para o cumprimento da promessa que esquecemos em aberto - sem assinatura - em cima daquela mesa. era carnaval e falhamos no adeus.. você não tirou os sapatos e eu resisti na questão. dói o silêncio, mas não suporto as palavras que tenho apontado. parece que sim e o café tá no fogo. requento porque o pó tá no fim. esqueci a distância da cor dos teus olhos. teus gestos souberam calar a ansiedade dos meus braços, mas minha agonia ainda pulsa. corri pro índico d'inhambane, em xai-xai, pra ver se o esquecimento azul daquelas aguas te roubavam um pouco de mim. maldizendo-me, trouxeram de volta o cheiro grosso dos teus olhos, bordados de sal, mas ainda sem cor.

desculpe se o café também salgado já secou nesta folha.


é que minhas ruas já não suportam a ausência dos teus pés.

e eu só vim pra dizer que eu creio na febre, não na razão.





6 comentários:

fochesatto disse...

e digo mais. a função dos mendigos é como a da febre.

Sabrina disse...

certos sintomas nem remédio suporta.

highhellhills disse...

Bruxela me disse que por volta de abril se curam todas as febres.

k . disse...

abril rasga tristezas

Bruno Bela Vista disse...

prévisão na borra de ca fé.

M. Cohim disse...

provavelmente nao veras esse comentario.
mas meu deus, a forma que encaixa as palavras forma um desenho maravilhoso.
gostei demais