sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

INELUDÍVEL



pOR vICTOR mELONI

A saudade era intensa. Provocava aquela dor característica, que pressiona de dentro para fora, resultando numa angustia indelével. Por quanto tempo? Quem é que sabe dizê-lo...Noites em claro, dias absorta nas águas calmas, mas aflitivas, desta sensação cruciante. Conversava contigo em todos os meus momentos de solidão. E eram muitos, pois as companhias não preenchiam o vazio provocado. Tu foste aos poucos, mas assim mesmo não consegui me preparar. Acho que ninguém o consegue. Quando o paroxismo da dor chegou, naquela madrugada fria, sem teu calor, busquei o desespero e encontrei-o facilmente. Exortou-me, vesano, lógico, a alcançar aquela peça macia, que tu adoravas, e colocá-la sob o travesseiro que rescindia, ainda, tua essência. Dobrei-a com esmero e a pus embaixo deste. Encostei a cabeça, plena de anseios e esperanças, fechei os olhos e pedi. Fervorosamente pedi. Implorei com a força dos corações feridos. Adormeci. Acordei com um sopro calmo em meu rosto. A fragrância adocicada fez com que um laivo de satisfação fosse expresso em meus lábios. Abri os olhos e você estava lá, em pé, curvado sobre meu corpo hirto. Mas seu sorriso! Seus olhos! Não, não era para ser assim! O que está fazendo? Pare com isto! Não! Não fui culpada! O quê? Como descobriu? Não foi importante! É você quem amo! Tire este sorriso do rosto! Por que estes olhos? Como? Estava esperando? Não! O que eu fiz? Meu Deus! A dor do rancor é imperscrutável. Em nosso egoísmo, esquecemos que a paixão do outro também sofre de saudade.

3 comentários:

Unknown disse...

Ei! o que é aquela imagem? ahauhauhaua! valeu meu irmão e amigo! Amo vc!!!

Sabrina disse...

aí eu também quero um irmão poeta. é que aprendi fazer massa de pizza iih

highhellhills disse...

Uma lágrima rasteira e envergonhada se colocou a pular de meus olhos no instante final. alguns chama de choro, eu não chamo. apenas sinto.