segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

bordel..


..o vermelho-veludo na parede brinca com os espelhos recortados.. as luzes espetam seu peito. Pela rua andava tranquila e abriu sóbria a porta. Jurava isso. Vestiu o ambiente trocando a pele que sorria rosada pelo olhar rubro e subterraneo da noite. Subtamente deitou-se no tempo que alí pulsava sem compasso. Deitou-se e abriu o corpo... mais forte do que toques e salivas que escorrem, olhares errados borram amores. Entre luzes, corpos e câmeras, que ensaivam ali uma representaçao mal feita de um jogo sedutor piegas, ela o via olhar o nada.. ele ensaiava uma conversa vazia ao lado.. com o corpo ao lado.. para o corpo ao lado. Vez ou outra voltava..um beijo, amor..

..vivendo a agonia da coisa mal dita pelos olhos, que erram, ela o golpeia no peito, agarra a bolsa negra e sai com o corpo atravessado por dores em longos raios finos. Pela mesma porta que entrara atravessa o veludo que chora.. antes sedutor, agora triste. E despida abisma-se em si mesma, e sucumbe.. e chove.




* Brigitte Bardot como Camille em Le Mépris, de Jean-Luc Godard.

2 comentários:

Sabrina disse...

vinho de vento...

Lorenzo Falcão disse...

O estilo Katy, sempre Katy. Imagino Katy entrando num bordel. A fotografia é Bardot por Godard, mas o clima do textinho de Katy me parece mais David Lynch. Beijos e não se esqueça de mim...