sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Empirismo didático sobre o que a imaginação julga ser necessário para uma pesquisa bibliográfica sem excessivos sentimentos

Anda, amplia essa polaroid e me cria um ditongo nasal entre teus lábios. Vês como tudo parece embaçado, como tudo ao nosso redor soa míope? No tempo em que éramos gigantes, que éramos grandes o suficiente para esmagar quem nos ofuscasse o caminho... Ah! Naquele tempo as cousas eram diferentes, e talvez por isso sofras com essa distância, com esse hiato. Nossa língua precisa de uma reforma, e precisa disso com urgência – com acentos, com sons graves, com onomatopéias, com metáforas e poucos simulacros. Deixa de lado o romantismo, as flores e aquelas palavras melosas. Deixa de lado as melodias mais bonitas. Gritemos! Urremos! E se nossos contratempos te confundem é porque já não estás no mesmo ritmo, na mesma linha de pesquisa: teu objeto, é preciso admitir, já por outra pessoa vem sendo pesquisado – com mais afinco e dedicação até. Em algum momento nossas bibliografias não bateram. Faltou correção, concordas? Aliás, nossas referências estavam erradas. No fundo, acredito, estavam certas, mas usamos edições diferentes. Apenas isso, e este apenas deve vir craseado e com uma ínfima nota de rodapé. Quem sabe sejas proparoxítona demais para mim, ou eu te seja demasiado pretérito. Vai saber... Conjuga comigo aquele encanto que nos idiotizava, por favor: eu te gosto, tu me gostas... É ridículo, eu sei. Mas e quem não é? Até mulheres sem orifícios muitos aí amam, sabias? E se estamos hoje tão rudes um com o outro é porque ela sumiu com nossos sentimentos. Simplesmente sumiu e nos deixou assim, órfãos de pai e mãe, de felicidade e dor, de prazer e desgosto. Talvez tenhamos nos precipitado um pouco com toda aquela paciência pueril. Talvez tenhamos justificado com muitos se todas as nossas frustrações. Talvez e talvez, meu bem. O fato é que hoje estamos ruços, e nossos matizes - aqueles tão bonitos que tatuamos em nós quando da bebedeira regada a pornografias comportadas; nossos matizes hoje são ponto e vírgula desnecessários nessa oração ímpia e murcha de . Nossas pequenas rusgas devem ser postas de lado, enviadas numa carta endereçada a ninguém. Será apenas um exercício de saudade. Quando verificarem que falta algo no remetente, encontraremos o nosso próprio endereço - e leremos juntos as informações dispostas no verso que justificam o esvanecimento da nossa polaroid.

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