segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Por ele.

Não há nada para falar.
Cooperam-nos os pântanos de chuva escorrida pelas janelas dos condomínios empoeirados.
A noite lá fora exagera nas luzes, está tudo tão laranja.
Imaginação é apenas um tipo de luz. E a luz é toda a mesma. Resta apenas o facho vazio.

não há nada ali para se compensar, tudo azul.
se você pensar que mesmo ali onde não há nada, algo resta, então sim
foxlight on old ground
são oito, sete da manhã. ele caminha como quem quer algo. ele quer.
suas ilusões pairam em rosto claro. nada esconde, nem nos vãos de seu sorriso calmo, nem nas rugas dos seus olhos laterais. Ele se aproxima com uma xícara de café no meu pescoço; quer?
já são três meses desde então. ele esta sentado na minha cama e olha o quadro na parede. é um quadro surrealista. que ironia. Arremesso-me em seus braços e digo-lhe para me arrancar do chão como um vendaval. Carnaval. Ele simplesmente me olha, pensa em dizer, faz menção e... não diz.
Tantas noites passam por minha cabeça, agora deitada nesta mesa, e pensar nele, justamente, me faz pensar em coincidências. suas coincidências. jogo com o destino entre minhas pernas, estou sã. Quando ele vêm?

ele veio noite destas para jogar um xadrez com a gente. trazia uma música embaixo do braço, acho que era beirut. boas intenções de nada valem: já estávamos embriagados. perguntei-lhe para que tantas palavras, e, atrelei ainda, porque não jogar sudoku sozinho. ele sumiu. assim. repentinamente. chegou a paula ao lado e sussurrou que não era por mal. olhei-a com maldade. se ela soubesse. se ela soubesse não saberia. maldito. agora o procuro, dia após dia - chove sem parar. encontro-o nas minhas cicatrizes.
soube dia desses que ele estava enfaixado, por aí, em alguma causa perdida. tenho certeza que não esta mais perdida assim. qual é cara, você pensa que basta? basta bastar? sorrir? por favor, isso pode ser, e é incrível como te odeio por isso. Alimento a saudade com bílis. sangue jorra pelas veredas. céu aberto em raio dobrado. tive uma epifania.
Embriaguei-me em alpha, e se meu cérebro não derreter hoje, silencio minha noite em delta. idoser é para os fracos.

nasceu meu filho esta manhã. é ruivo. dizem que, os médicos dizem, que ele não nasceu no lugar errado. olho-os com uma mistura de torpor e sonho, e pergunto se deveria me perguntar por ele. talvez se. talvez se eu soubesse a resposta não faria a pergunta e ele estaria aqui ainda. como deixar o tempo viver? olho o bacuri nos olhos e penso que a resposta esta errada. não é possível que o dia seja assim tão cheio de desesperadas derradeiras vastidões.

Algo vibra sob o solo e começa a chamar por ele. digo que ele não está.

2 comentários:

highhellhills disse...

Um pântano daqui, outro dali. Dali.

Sabrina disse...

ui, molhei meus pés.