domingo, 30 de agosto de 2009

A metaphoric love continua...

Nos encontramos sozinhos enfim, provando cachaça mineira, entre o filtro d’água e a lavanderia. A noite estava quieta, azul marinha, e quase boêmia. Conversávamos como se estivéssemos sós no meio de um salão lotado no carnaval. Confetes coloridos caíam espaçados, animando e doendo a cena. Aquilo já era nostálgico, antes de ter começado.

- Você sabia que o sexo é permitido nos parques de Amsterdã?

- Sério? Se você for pego fazendo sexo em um parque você não é preso por atentado ao pudor ou qualquer outra baixaria.

- Já imaginou isso aqui? Abrir o jornal e dar com a notícia: ‘Sexo é liberado na praia de Ipanema’.

Não deu tempo nem de rir, e ele já estava me beijando. Eu não vi ele se aproximar, eu não vi ele invadir a minha boca, me arrastar para o escuro da lavanderia, segurar as minhas coxas, levantando meu vestido, não vi nenhuma sutileza, e gostei. Já tínhamos sido sutis, agora era outro momento.

As mãos dele nos meus seios, Lânguidas,
a boca no meu pescoço, Palavra
úmida a língua na minha barriga
Suavidade agressiva

A sensação de febre daquele dia me acompanhou por mais uma semana, até que o termômetro de fato indicou 38 graus. O frio que eu sentia provinha da relatividade do calor que eu queimava. Diariamente. Pela lembrança.

2 comentários:

Sabrina disse...

e yo me lembro cuando construímos uma casa com tijolos bordados com um tal "despedir da febre"

Guto Leite disse...

Muito legal! Em especial o "bote", a passagem pro poema e o retorno lírico.
Abraço aos de casa