quinta-feira, 24 de julho de 2008

.aquarelada vida aquarelada.


.e desde quando aquarelas meus sonhos? desde quando? pára com isso! não és homem o suficiente para isso. me deixa borrar sozinha. cagar, menstruar, chorar, derreter, mijar, foder, cair, sucumbir, decorar, menstruar, chorar, cair, foder, sair, abrir, abraçar, fugir, sentir e muito sentir. tuas tintas, teus pincéis... ah, pára com isso! de que adianta me roubares os Dali, se há milhares de Picasso olhando para mim? anda, pega teus lápis, teus papéis, tuas idéias batidas. anda, apaga tudo. perdeste a chance de recomeçar comigo o esboço que iniciaste outrora.

.e só por isso já fique satisfeito.


.és para mim, como eu sou para ti, apenas uma natureza morta.



*imagem: debuxo de um presente

segunda-feira, 21 de julho de 2008

error

I got a hole in my mind

Quando acho

Que penso

Que sei

O que faço

Acho um espaço

Um vão

Um oco no aço.

O melhor status que o homem pode comprar é a bondade

domingo, 20 de julho de 2008

muito resumidamente says:
ele parte do pensamento de que o ser que não é possível pensar nada maior deve existir necessariamente
e tentar cobrir essa falta de pano com uma estampa qualquer, pra ensurdecer o silêncio ...
quando o assunto acaba. é como usar saia como vestido, né?

sábado, 19 de julho de 2008

Parece que meu assunto
acabou por agora.
A paz não é dos loucos,
dos loucos é a história.

Parece que não são poucos
que reconhecem a glória.
É bom que seja assim mesmo,
por si só faltaria memória.

A paz não é dos loucos,
dos loucos é a história.

sábado, 12 de julho de 2008

day-off pra para

Não peço para descer.
Reviro os olhos procurando rima branca na revolução de corpos magros, cortinas rasgadas e pizza requentada.
Minha vontade é comer pele de onça, só pra antropofagiar o sarau inquieto-descansado-parabólica-flagelos-esfinge que não me abandona a juventude dos ouvidos.
Abracei uma árvore do caminho só pra pingar colírio e coca-cola na fofoca do verde e o azul-céu, que se mexiam frescos comigo enquanto brigavam para meus olhos verem quem é que tinha mais cor.
As milhas ficaram compridas.
As rimas retas e em ângulo de subida caíram sobre a grama- papelão dobrada com tamanho de minuto em promoção.
Acho que senti uma espécie de Deus nesse tempo. Ele dançava com minhas mãos desenhadas com madeira chuvosa. A árvore parodiou nossa falta de matemática retribuindo sombra para refrescarmos a pele dos pés.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

domingo, 6 de julho de 2008

desenhei pontos de fulga no embaçado da janela do carro enquanto voltava para a casa de sobre nome modesto.// as histórias do rolar na lama e do chá de lírios-copo-de-leite tinham exato trazido o vento e cócegas pertinentes ao trecho do veneno, de mais cedo. //eram meus dedos brincando de colocar memória nos olhos// minhas unhas, passearam molhadas sobre a paisagem desfocada, como se nosso lirismo escorregasse na minha falta de mãe./ minhas mãos tomavam banho naquela ameaça de chuva-excessso-pulmões acumulados em ambiente fechado.// o vapor, escorria-me pelos braços correndo em gotículas, entrando de baixo da manga esquerda.// senti a cor da fruta inteira desretinando minhas sombrancelhas por fazer. //

tive vontade de te enxugar.
- imagem: quase ossos ingleses, em Plymouth MA.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Devaneios

Perambulava pela solidão, como quem deseja eternizar a efemeridade das lembranças angustiantes. Mortas, mas ainda mornas. Lamentos já não devolviam a dignidade dos sonhos, que um dia foram mais que alucinações. Só restaram desejos, mas fugazes demais, e livres de resistência, eles também quiseram partir.
Olhando para os respingos de sol que entravam pelas frestas da janela fechada e tocavam o teto sombreado, apenas um pensamento inevitável reluzia dentro do coração. Por que não está chovendo agora? As gotas de precipitação lembravam as lágrimas sempre precipitadas, e davam sentido àquela existência solitária. Não, não era trágico. Estava resignado a seu destino cintilante de uma realização sempre adiada. Seus devaneios tinham sentido.
Tentava ludibriar a si mesmo, mas no fundo sabia. No próximo minuto seu peito seria invadido mais uma vez pelo desespero da espera que nunca chega ao fim.