sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não gosto muito de jaca

Ela abriu o coração tão devagarinho
e você vai deixar lá apodrecendo,
feito uma jaca no verão?

terça-feira, 17 de junho de 2008

mis ausencias



En la pereza de un bostezo rozo con uno de mis brazos tu pecho desnudo, que aun no ha despertado de la noche de locura, donde no permitimos que las caricias se apacigüen y disfrutamos del tiempo entre embrollos de piernas y sonrisas llenas de sudor nacido del placer de amarnos, ya uno de tus ojos me miran como tratando de imaginar el porque estoy sentado a lado tuyo, no digo una palabra y alterno mi mirada entre tu cuerpo limpio de mentiras y lleno de sudores pasados, y la ventana que ya dibuja como una televisión el amanecer mas bello, ese que solo se siente cuando uno ha destruido tabús durante la noche, ahora poso mi mano sobre tu cabeza como tratando de evitar que ingreses en esta silenciosa reflexión, pero ya es tarde, ya tu voz rompe como relámpago esta oscuridad mental.

Me doy unos segundos para reaccionar y mientras me levanto solo digo “cuando entenderás mis ausencias”.

Oscar Diego




º º º a Aquarel.la é de Oriol, que entre um café e outro deixava cair nos meus olhos o tremor expressionista de suas mãos que já viveram e desviveram a vida sobre o tectonismo de placas que, para ele, sempre foram puro agenciamentos.

Numa dessas contingências parou em Santa Cruz, assim, quase de graça. Um andejo que, contrariando a corrente migratória dos andarilhos anônimos, possui sua nacionalidade catalàn tatuada à carvão na boca.


http://obresbol.blogspot.com/

sexta-feira, 13 de junho de 2008

.missiva.

.Pasárgada, 12 de maio de dous mil e 8ito.


Estou em Pasárgada há algum tempo convivendo com as noutes que menstruam centelhas de sonhos e sentimentos recíprocos. Iludo o órgão que bombeia sangue para o corpo inane de amor. Ah, amor. Essa é a questão. Peidaram no cordão. Não, isto não é um quarto das letras. Esta mensagem – esta! – é apenas um jornal amassado, desses que se utiliza para embalar peixe em feira ou para forrar os tapetes dos carros semi-novos. Na verdade é um anúncio de prostituta que se deixa beijar na boca para que o cliente leve um pouco de sua solidão sentimental. Não, Gonçalo Leão, esta data não é para se beijar e amar. Amor venal, de novela das 8ito. Ah, pára com isso, oto!

Aqui nesta cidade de poesia as cousas são diferentes. O jazz é mais quadrado, a subversão é uma edição encapada da bíblia – com direito a narração remasterizada de algum âncora global –, as dores são mais doídas – umas vez que aquele Pessoa sugeriu que os leitores sentissem o que ele fingia sentir. Ora, que falta de respeito! Se peidam no cordão, peidam em qualquer lugar, certo? Peidemos nesta data.

Podem dizer que sou amaro, um sujeito criado ao som do pop insosso e anódino deste início de século; podem me acusar de falsidade, de repetir o discurso de uma minoria inexpressiva que ninguém – no fundo – sequer sabe que existe. Enfim, podem dizer ene cousas sobre o fato de eu estar me dispondo a enviar essa missiva para falar mal do amor e do dia dos namorados. Veja bem, Gonçalo Leão, o amor se estrepou. Dizem que foi pular a cerca e caiu arreganhado.

Arame farpado, num teim?

Tiro de espingarda.

Tapa na nuca.

O dia dos namorados é um dia de velório. Compram-se flores e presentes como uma forma de agradecer por nada, elogiar de forma elegante ou convencer alguém sobre sentimentos. O dia dos namorados é uma forma de dar oferendas a uma entidade – deidade, o termo correto – televisionada. Façamos simpatias para o demônio, dancemos sob o efeito de ácido no salão. O samba do amor tem dia e hora para ser celebrado, e só por isso a graça e o prazer de se beijar – e foder, é claro – nascem mortos – ou pelo menos sem a ereção que os homens das cavernas exibiam.

Gonçalo Leão, eu gostei mesmo foi do teu depoimento sobre o Google. Gostei deste sobre o amor e o dia dos namorados, mas como esta data não tem uma barra de rolagem satisfatória, fico com os contratempos de uma pesquisa infundada sobre o sentimento que leva a alcunha de amor.


Cordialmente,
O poeta que finge a dor que deveras sente.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Namorar é preciso


Belíssimo dia pra se falar das coisas relacionadas ao amor neste estranho tempo onde só falta chover canivetes, tamanha a violência que rola por esta terra terrível, terrivelmente aterrorizada pelo sangue que jorra fácil e vermelho, sensacional. Um tom rubro que já foi mais afinado com a suave curvatura de um lábio pintado por um delicado batom. Bom dia, flor do dia.

Seja você homem ou mulher, anatomicamente falando e apenas isso. Fazendo questão de desconsiderar sua orientação sexual, lembre-se que hoje é dia dos namorados.

Dia de beijar. Dia de ser romântico, de falar de amor e, se possível, fazê-lo. Digo fazer, porque o amor é o tipo de coisa que não dá pra gente comprar feito. Coisa que mesmo quando a gente compra, como produto, ainda é preciso submetê-lo a um processo de acabamento, de finalização, pós-produção ou sei lá o que. Ele - o amor - não se encontra disponível pelas prateleiras de nenhuma loja. Tampouco tem preço, embora existam controvérsias. Bom, seja como for, o amor está por aí habitando corações e assediando pelas esquinas da vida e do corpo humano, demasiado humano.

Dia legal para gestos e rituais meigos, carinhosos. Afagos são tropeços bem vindos nesta data em que a rotina precisa ser quebrada pelas razões daquele lugar sem comportamento - o coração, segundo Manoel de Barros. Dia para deixar que o teu corpo se entenda com outro corpo, já que o entendimento entre as almas nem sempre é possível, conforme a Bandeira, o verso, de um outro Manuel. Putz, amor tem tudo a ver com poesia e desconfio que é por isso mesmo que dizem que poesia nunca foi coisa pra se entender, mas sim, pra se sentir. Muito prazer: sinto muito!


Mas, amor, hoje em dia, dizem, tem mais a ver com conta bancária graúda, do que com cabelos mais negros que as asas da graúna. Se há poesia suficiente no amor, em Pasárgada, certamente, existem prostitutas bonitas pra gente namorar que nos desejem e se prestem a ser nosso pão, nossa comida, todo amor que houver nessa vida, e algum remédio que me dê alegria.

Acho que ninguém entende perfeitamente das imperfeições desse sentimento que parece já ter estado mais nos corações do que na moda. Sei lá, mas acho que namorar - uma ação que advém do amor - nestes tempos, soa mais como uma cantata, uma fuga, uma coisinha mais rápida, mais passageira, e que não precisa ser pra sempre, embora seja massa que seja infinita enquanto dure. E sem essa de ser imortal, posto que é chama. Que invente ou inventem outros versos complementares os poetas da hora em que escrevo.

O dia 12 de junho passando e eu aqui a enfiar peido no cordão, a comentar sobre essa coisa que bate no coração e que traz toda a sorte de conseqüências. Na maior viagem. Por falar nisso, diz um ditado lá de Singapura: o amor é a refeição da vida, viajar é a sobremesa. Moral da história: dinheiro não traz felicidade, mas compra passagem. Falei sobre o amor, de passagem, mas não quis brincar com os sentimentos de nenhum João Ninguém que esteja apaixonado por uma Maria Vai Com as Outras.

Namorar, assim como amar, é uma questão de estilo. Já ouvi alguém dizer que a coisa mais importante que existe é saber ser amado e retribuir. Essa recíproca, por si só, já é um belo presente para este dia.

domingo, 8 de junho de 2008

pegadas na floresta


É invasivo entrar sem bater. Acontece que na floresta não há portas e eu queria ir lá. Quis criar meu caminho, mas meus olhos se arregalavam a cada mudança das folhas no chão. O trovão da música que ouvia se misturou com a minha imaginação e meu pescoço girou. No desenho das árvores eu vi ursos de vários tamanhos e cores. Um deles descansava com o filho na sombra. Outro dava gargalhadas relembrando o dia em que se perdeu na floresta. Um casal tomava café e a última cena que vi foi o abraço. Eu achei melhor não dar boa tarde dessa vez.

Aqui você vê pedaços do céu, recortado entre os galhos e as folhas. O rio não quis parar pra eu passar. Eu sentei pra falar com ele e ele continuou a molhar com águas tão diferentes aquela mesma pedra verde. Só agora eu entendo a altura de algumas árvores. As mais baixas não gostam de ver apenas o céu. É que aqui em baixo tem raízes. O vento daqui fez carícias em mim. Eu não fiz restrições e ele entrou debaixo da minha roupa, resgando o peito. Ele ainda está aqui. Acho que não sai mais. É a primeira vez que guardo um pedaço do vento.

Eu posso ver as migalhas de pão que João e Maria deixaram pelo caminho. São eternas nesse lugar. Continuei a andar e meus cds eu deixei na mochila e a minha cabeça eu abandonei no balanço.

sábado, 7 de junho de 2008

wewillgotonewyorkcityandokdoyouhavee-mail?

Não sei se para economizar ou para acumular, mas gosto mesmo é de beber em copo abandonado. Desenhar a boca que deixou o resto de cerveja quente sobre a mesa. Imaginar as histórias que a garganta contava enquanto engolia gelado. Posso sentir a metáfora caindo-me goela abaixo. Com os dedos abençoando as unhas, fico tentando descobrir se a espuma seca sobre a borda era dor de traição de família ou de órfã prostituta comemorando formatura. O cheiro dos insetos, trazidos pela primavera, levaram-me, até lá. Eram besouros, abelhas, moscas, aranhas e libélulas intermináveis espalhando acidez e barulhinhos de papel manteiga, até a flor. Não era a primeira vez que as rosas pintavam minha retina naqueles dias quatro. Entrei no quarto e quase tropecei na bagunça abandono que pairava ali entre aquelas três camas figurativas. Usei assopro adormecido para limpar as asas secas que repousavam sobre o lençol amassado de tempo. Sentei-me na de número vontade e olhei para a caixinha de madeira que descansava sobre a mesa de cabeceira. Como quem promete e não cumpre, espalhei o segredo e a abri: mais uma espécie! Dessa vez, vestindo preto e branco. Colada sobre a parte interna da tampa. Escondia uma Honduras pintada à mão pingando, sobre fotos de infância. A invasão doeu-me os pêlos. Cocei o nariz para conferir se o velho das imagens poderia naquele momento abrandar minha pena. Mas só senti perfume do dia anterior. A partir daquele respiro era cronologicamente impossível alterar o astrológico dos tais insetos. Então, olhei para a janela e me enxerguei na cegueira madeira. Estava ali: branca, borrada, cócegas. Refletida em vidro sujo de areia. Brincando. Com as moedas, pedras e conchas que ele guardara separadamente em sacolas de plástico durante suas viagens com o circo. Compreendi num susto o que a jornalista portuguesa disse, sentada de costas para a floresta que gritava, sobre a indiferença que tem o viver do sobreviver.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

aspas

"bolo de cenoura com confetes em cima em agradecimento... dividir sentimentos que surgem na claridade da noite é feito algemas, porque me encanta, me intriga... fico naquela de querer ser você pra saber como pintas com os teclados conjuntos de letras tão fundos, por se dizerem profundos. assim a troca de lirismos já basta, exclui o beijo, o sexo, a carne. só nào ultrapassa os olhos... ah menina bonita dos cabelos curtos. talvez fosse melhor se você nunca pintasse seus lábios de vermelho, pra deixar a sua cor sempre tão viva... não me canso de ler você... nas fotos, nos textos, na noite, no claro, no buraco, na montanha, bem no alto da montanha...amo... sem complicação. não falo de amor pra todas as pessoas. mas pra você saiu assim... sem precisar de nada... apenas do suco de laranja na madrugada"


** as palavras que não são minhas encontrei escritas num pedaço de asa de borboleta enquanto caminhava esverdeada pela montanha. não resisti e fotografei. por causa da luz ou do horário não sei, não consegui captar o sapato vermelho com bolinhas que se mexiam que ela trazia na espécie de pés.

prestígiocomsucodefrutadeplásticoemdianubladoseiláoquê

ia a pé pelos sertões do norte vendendo sonhos.dormia perto da saída para prevenir a cãibra nos pés caso quisesse partir na madrugada tinta de vinho.andava em círculos mesmo sabendo que no inverno é no quadrado que o sol se põe.na ponta da língua, tinha expressões que até dicionário duvida. seus braços nos meus eram como gavetas que escondem diários cheirando a mofo.contei-lhe sobre o arrepio que a falta de cabelo me dava. no boteco perto da rodoviária nos saudamos e pegamos o onibus 25. que ia sem rumo para uma certa américa do sul.