Passa ela o dia com a pele untada entre o calor dos doces em grandes tachos e a frieza da água ensaboando os olhos, enquanto pra cidade sai ele. Leva mochila pesada de sonhos e preocupações. Pensa, lê um folheto que vez ou outra lhe dão na estação e dorme no escuro longo da madrugada que resta. Quando chega os olhos já suportam levemente a carga de cada ladrilho como um lamento borincano. Sem que ninguém escute, cavuca despedaçando a mente e reordenando prioritariamente qual será o pacote do dia pra casa. Pão, leite, lápiz, carne... Vez e outra chora. Se distrai no almoço com a lembrança do que pediu o guri e da lista grande na porta da geladeira. Na ordem da necessidade, mulher, tenho prendido fogo no peito e soltado fatidicamente minha desdicha na sua boca cafeinada!
Hoje pobre e contente decidiu por um vestido curto de xita azul. Dolorida, a mente pediu um trago de conhaque pra esquentar a vida com a secura de um gole ardido. Um modo de esquecer o café da manhã de amanhã. No bar ao lado da casa a moeda diminuída raspou no grossor dos calos pra cair sofrida no balcão. Na porta, em voz enfeitada e larga, como um disfarce pro seu silêncio triste, ela tirou a mochila de suas costas pesadas e colocou o vestido bem passado na cama, enquanto ele a abraçava atrevidamente devagar por detrás tampando suavemente sua boca.
¡Ahora que te mueres con tus pesares, mujer, déjame que te cante yo también!
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