O verde nas paredes do corredor eram como pôr-do-sol envelhecendo o tempo. Enquanto as formas se alternavam pulando nuvens, a pele preta tentava entender os movimentos bruscos vindos da luz rompendo espíritos enferrujados que perambulavam pela terra vermelha de tônicos sotaques e donos contados. No sofá, não enxuguei o suor dos olhos. Queria sentir a dor nas células. O sal do corpo era a única forma de encurtar as centenas de anos que nos distanciavam. Uma volta de relógio sem pilha e o vidro azulado seguia. Sem sair do lugar. Congelava o que os álbuns de fotografias escondem quando pintam a página, de branco. E então, procurei a música que as crianças dançavam para esquecer a tal ausência de estômago. Só encontrei um pedaço de unha usada. Que mastiguei. Com os dentes de um sorriso intacto.
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* Fotografia de um certo Henri Fabian que adora Los Hermanos.
3 comentários:
Sá, depois dessa eu só consigo te amar mais... Africar, lembra?
A África é o nosso câncer. Aquele como a ferida que nos consome o peito. Viver fora do perigo da morte é nos dar a fresta da esperança. Que viva a África, embora dolorosamente morra. E o que nós fazemos diante deste horror? Nada.
Sá, aqui é a LIdi... quem escreveu isso aí foi minha comadre Glorinha Albuês.
Sensacional!!! Queria tirar uma parte favorita pra colocar aqui, mas tenho várias partes favoritas!
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