terça-feira, 22 de abril de 2008

- blá...
- blá, blá, blá...
- blá! blá! blá! blá!!!
- blá,blá, blá, blá, blá!!!!!!!
- blá...láb! blá bál? blá. lbá, lbá, álb,ábl!!
- Tú és poesia demais para mim.
- Puta que pariu! Pega na minha lira e balança.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Bicho preguiça


As coisas que caem do céu
alimentam meu sonho
contra as dificuldades da vida.
Não sei de onde saiu
ou quem foi que inventou
essa história de vida dura,
.......................de ralação.
Quero aparar num abraço
a estrela cadente
e marcar com um X
o meu mais desejoso porvir.
Quero o prazer espontâneo do trabalho
em minha impressão digital.
O resto
é chope com colarinho
sorvete com cereja
e bicho preguiça
no horóscopo chinês.
E tem mais...
Tinha. Fazer novos versos
e encompridar o poema
vai cansar demais
a minha beleza.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sempre que esqueço de tirar as lentes de contato pra dormir eles falam comigo. Dessa vez, vieram numa espécie de nave invisível. Racharam meu dente da frente em dois pedaços de simetria distorcida - no exato momento em que eu tentava entender o acontecido olhando fixo para o espelho embaçado de banho. Naquele instante sofri cada estalo que a rede de fissuras fazia no cálcio. No fundo, minha célula Maria previa que as adversidades que me submeti naqueles anos de casamento mais cedo ou mais tarde me fariam aperto. Comecei a entrevista olhando fixo para o caminhão estacionado na calçada. Ele tinha 23 anos, fugiu do diploma de advogado em Tókio e me contou que tinha dois irmãos e uma írmã. Gostava de filmes de comédia, estudou russo na Rússia, jogava um tal Handebol. O barulho era ruído e não consegui compreender sua opinião sobre a emancipação dos índios de Dakota. Nesse exato momento senti meus dedos dos pés acendendo e apagando. Saí para fumar o cigarro que tinha encontrado em cima da pia do banheiro daquela Whisky a Go Go vermelho-medo e outro bicho entrou na estória. Era o senhor do tempo e da rua. Me pediu um trago. Na hora de entregar o meio-fio de fogo, vi a sujeira em seu nariz e peguei a chave que ele trazia no bolso do casaco emprestada. Naquela noite tinha saído a pé só pra sentir o vento de inverno despedindo-se, despindo-me. Mesmo assim peguei a chave. Sabia que as moedas e o olhar pelo retrovisor da estrada não era uma piada para japonês ver. Que a música talvez não estivesse tão alta. Que talvez eu nao tenha acertado levantando a mão durante o culto. Okay. Enguli umas duas ou três lembranças e voltei pra casa. Invisível. Meia manhã depois, abri os olhos sobre a setença roxa do meu quarto. Escutei a risada do vento. Ao invés de ar dançando, vi lá fora uma árvore com quase primavera nos galhos dizendo preu voltar. Com ela.

domingo, 6 de abril de 2008

Saia



E Deus criou o homem. Mas o homem andava muito borocoxô... Só naquela posição de pensador bêbado.
Aí Deus criou a mulher. Mas mesmo assim o homem não percebeu como que aquilo poderia melhorar. Homem nunca percebe estas coisas, imagine então o primeiro deles.
A mulher andava triste e nua pelo paraíso, sem ninguém para lhe assobiar o balanço. Nem construção civil havia para encher o ego dela... Desesperada e sem filhos, aos 30 e poucos, Eva tinha a mais poderosa combinação "fenótipo/ genótipo" até então. Seus hormônios ferviam e fermentavam de tesão por Adão.
Deus não entendia o que estava acontecendo:
- Porque não te multiplicas, mulher?!
- Tento de tudo, mas nada parece chamar atenção dele, ó pai. Ele fica lá pensando, parado e murcho... não posso mexer naquilo que não é meu.
- Precisas provocar o homem, minha filha, não deixa ele pensar... ele será todo teu quando o sangue faltar ao raciocínio.
- Ok...ok... Acho que agora entendo o que dizes, Senhor.
- Queres uma maçã para ajudar?
- Não, não... Dá-me uma saia que resolvo :-)

terça-feira, 1 de abril de 2008

me deixa


o que é que você pensa
que vai encontrar na minha poesia?
o que você procura em meus versos?
o que você quer do meu eu poeta?
ora, francamente...
vai procurar o que fazer
e larga mão da minha poesia.
.......................me deixa!
quero ficar sozinho,
que poeta é bicho solitário:
eu e minha poesia nos bastamos,
somos bastantes e bastardos
dentro e fora do mundo

..............lugar comum.

..............me deixa...
deixa eu encher sua cabeça
.......................de versos
.......................e minhocas.

*Medusa de Caravaggio ilustra este poema... poetas podem até ter minhocas na cabeça, mas no reino das palavras são cobras criadas...